São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Membro do conselho nega 'falência' do banco

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O representante dos trabalhadores no Conselho de Administração do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, responsabilizou ontem, por intermédio de sua assessoria, os últimos governos e o atual pela crise financeira do banco.
Ele contestou declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso de que o déficit de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre tenha sido provocado por excesso de funcionários. Anteontem, FHC disse que o banco irá ``à falência" se não demitir empregados.
Pizzolato citou decisões, como a compra de parte dos títulos da dívida externa pelo BB, tornando-se o maior credor da União.
O banco, que tem cerca de R$ 5 bilhões comprometidos nesta operação, ganharia mais em aplicações no país, segundo ele.
Outro exemplo é uma dívida de pelo menos R$ 1,7 bilhão (próxima ao déficit do banco no primeiro semestre de 95), pelos cálculos do governo, e de R$ 7 bilhões estimada pelo banco.
O Tesouro deveria equalizar operações do banco como financiamentos agrícolas para compensar perdas do BB. A dívida acumulou em mais de 15 anos. A crise começou em 86, segundo ele.
A assessoria de Pizzolato disse que o banco tem incompatibilidade de atribuições como instituição financeira e órgão público. Resultado: a presidência do conselho de administração cabe ao secretário do Tesouro, Murilo Portugal. Ele representa ao mesmo tempo credor (banco) e devedor (Tesouro).
Com base na garantia de FHC de não privatizar o banco, Pizzolato defende a elaboração de um plano para viabilizar a instituição.
O porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, disse que FHC ``registrou certa surpresa" com a repercussão de suas declarações. Ele confirmou que o banco ``precisa se reestruturar para evitar problemas futuros". Segundo ele, FHC ficou surpreso com a ``dimensão" dada a seus comentários.

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