São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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64% das crianças do país são pobres

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada ontem aponta que 64,6% das crianças brasileiras de até 6 anos são pobres.
O instituto define como pobre quem mora em casa onde o chefe de família ganha até dois salários mínimos. Este e outros dados da população jovem (até 17 anos) do país constam de programa de computador lançado para venda pelo IBGE ontem.
O programa ``Crianças e Adolescentes -Indicadores Sociais, Base de Dados em Formato Tabular" foi desenvolvido pelo Instituto de Estatística da Suécia e doado ao IBGE pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Traz também dados como o de que a maior parte dos jovens (3,2 milhões) se encontra na capital paulista -número superior aos 2,1 milhões de habitantes de Salvador (BA).
Segundo Ana Lúcia Sabóia, do Departamento de Indicadores Sociais do IBGE, um dos dados que mais impressionaram os pesquisadores foi a proporção ``muito grande" de crianças pobres.
Ao todo, no país, 40,3% de crianças de até 6 anos moram em casas em que o chefe de família ganha até um salário mínimo. Até dois salários mínimos, o percentual é de 64,6%.
A região Nordeste é a campeã das estatísticas negativas: 62,8% das crianças de até seis anos vivem em casas em que o chefe de família ganha até um salário mínimo. Até dois salários mínimos, o percentual é de 84,0%.
A maioria das crianças de até 6 anos que vivem em situação de pobreza está concentrada em 26 municípios nordestinos.
Fortaleza apresenta a pior situação entre as cidades mais populosas da região. Das crianças de até 6 anos, 64% vivem em situação de pobreza, com o chefe do domicílio ganhando no máximo dois salários mínimos. Destas famílias, 87% moram em domicílios com falta de saneamento básico.
Os pesquisadores do IBGE também ficaram impressionados com a desigualdade social existente entre municípios de vários Estados -inclusive os de São Paulo.
Também no Estado do Rio de Janeiro os indicadores sociais das populações de crianças e jovens são ruins. As taxas de analfabetismo das crianças de 9 e 10 anos, por exemplo, revelam que o ingresso na escola ainda é tardio em grande parte dos municípios.
Em Paty do Alferes, por exemplo, 25,7% das crianças nessa faixa de idade não sabiam ler e escrever. Em São João da Barra, o percentual aumenta para 31,3%.
Os dados do IBGE mostram que 6,28% (1.468.329) das crianças de até 6 anos de idade no país vivem em favelas. Levando-se em conta as crianças de até 11 anos, o número absoluto é de 2.464.179.
O município de São Paulo tem 12,32% (155.141) de crianças de até 6 anos vivendo em favelas. Se o universo pesquisado for crianças de até 11 anos, o número absoluto fica em 260.318.
Fortaleza é considerada como uma das piores cidades em termos de situação social. De sua população de crianças de até 6 anos, 27,78% (79.090) vivem em favelas. O número total de crianças de até 11 anos vivendo em favelas na capital cearense é de 130.632.

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