São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Palmeiras tenta expelir Grêmio da garganta

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Palmeiras, entre uma exibição de gala diante do Mogi e a decisão, que começa domingo, contra seu mais ferrenho rival, cruza, pela Libertadores, com o Grêmio. Tenta expelir o Grêmio da competição e de sua garganta, onde está entalado desde as disputas da Copa do Brasil.
Pelo visto, não deverá ser o mesmo Grêmio; tampouco, trata-se do mesmo Palmeiras daquela competição. A julgar pelos últimos resultados, os gaúchos declinaram e os paulistas ascenderam. Mas algo me diz que o panorama da partida está sendo pintado com as mesmas tintas que tingiram o cenário da final da Copa América, no estádio Centenário.
Os gaúchos pouco se dessemelham dos uruguaios, no sotaque, hábitos e espírito. E, dos gaúchos, o mais uruguaio sempre foi o Grêmio, que historicamente mostra sua garra em campo como orgulhosa prenda. A coisa chegou a tal ponto, no atual time tricolor, que, em vários jogos da Copa do Brasil e da Libertadores, vestiu-se de Celeste Olímpica.
Já o Palmeiras não poderia ser mais paulistano. Fala o portaliano do Bixiga e ostenta sua equipe milionária, como se fosse um caríssimo carro importado, estacionando na porta do Fasano.
Jogador por jogador, hoje, o Palmeiras é infinitamente superior, ainda mais com Cafu na sua lateral direita, única posição até agora desprovida de status. E garra por garra, o Palestra tem lá também seus Mancusos, Amarais e Flávios.
É bem verdade que a ausência de Velloso pode vir a ser fatal, pois vinha se constituindo num dos pontos altos da equipe. Mas Sérgio já ganhou experiência suficiente, nos tempos em que foi titular, embora há muito não jogue seguidamente, o que é fundamental para a posição. De qualquer forma, será outra guerra.

Ups, escapou, Juquinha. Mas não era de guerra, dessas de tanques, canhões, bombas e tiros, a que me referia. E, sim, do simulacro, da representação, diria até da teatralização da guerra impressa no jogo de futebol. Mais ou menos o que acontece com a capoeira, que, de arma de defesa do negro escravo, transformou-se num ritual, uma dança e até um esporte.
Rasteiras, socos e pontapés, isso tudo, dentro ou fora do campo, nunca foi guerra. É arruaça. Um mero caso de polícia.

O que restou, enfim, da nossa campanha na fronteira? Duas certezas inabaláveis: Jorginho encerrou sua gloriosa carreira na seleção, enquanto Juninho e Roberto Carlos iniciam as suas. Outra: Aldair é insubstituível, mas começa a roçar a perigosa faixa dos 30 anos esta noite. Dunga, que foi nosso Obdúlio Varella por 45 minutos no domingo, dá claros sinais de que poderá perder o passo até a próxima Copa. Taffarel, para goleiro, ainda é jovem e carrega uma experiência em seleções invulgar. Mas, ao contrário da maioria dos arqueiros, que, quanto mais velhos melhores ficam, Taffarel piora. Quanto ao ataque, restaram apenas dúvidas.

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