São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Idéias viajam nesse gênero caleidoscópico

DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois anos, a revista americana ``Rolling Stone" publicou a lista dos cem videoclipes mais importantes da história do videoclipe (se é que, depois de 15 anos ``oficiais", ela existe).
Em termos de uma estética única, pouco pode ser definido a partir dessa lista, ou seja, nem entre os americanos, os criadores do gênero, ela existe.
O que coloca juntos trabalhos tão diferentes como o primeiro colocado (``Sledgehammer", de Peter Gabriel, 1986), o segundo (``Smells Like Teen Spirit", Nirvana, 1991) e o nono (``Take on Me", do A-ha, 1985)? Na verdade, nada muito consistente.
As possíveis inclusões na lista (como o recente ``Scream", de Michael Jackson), só prejudicam ainda mais essa consistência.
Influências de todas as escolas dos videoclipes da lista da ``Rolling Stone" chegaram ao Brasil.
Qualquer banda independente sente-se tentada a criar um clima de concerto improvisado ``a la" ``Teen Spirit" do Nirvana. Micagens na frente da câmera imediatamente remetem a ``Give It Away", dos Red Hot Chili Peppers (25º na ``Rolling Stone").
Uma ponta de sofisticação já chama ``Vogue", de Madonna (28º), e no funk, a exemplo é com ``Love Will Never Do Without You", de Janet Jackson (13º).
No rap, é difícil superar a fórmula do Public Enemy.
Mas o empréstimo de idéias não acontece só no Brasil. Em um gênero caleidoscópico como esse, é natural o intercâmbio de idéias. É difícil ser original em uma linguagem de empréstimo.
Na busca da identidade do clipe brasileiro, diretores nativos talvez sofram da mesma dificuldade dos roqueiros que se esforçam para recriar algo que não criaram.
Mas quem sabe isso acabe servindo para tornar as idéias futuras ainda mais interessantes?

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