São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Washington protagoniza `thriller' futurista

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A era da realidade virtual invadiu de vez as telas dos cinemas norte-americanos na temporada do verão 1995.
Depois de ``Johnny Mnemonic" ter estreado no início de junho, com Keanu Reeves no papel principal, ``Virtuosity" entra em cartaz em 4 de agosto, estrelado por Denzel Washington.
O filme -que foi gravado e editado em menos de cinco meses para ser lançado ainda durante as férias nos EUA- é um thriller futurístico que tem tudo para fechar com chave de ouro o verão 95, apesar do orçamento barato (US$ 40 milhões).
A história se passa em Los Angeles, em 1999. No roteiro original deveria acontecer em 2050, mas foi preciso trazer a trama mais para o presente porque a produção não tinha verba suficiente para montar uma L.A. muito diferente da atual.
O roteiro de Eric Bernt teve que ser reescrito pelo diretor Brett Leonard e pelo produtor Gary Lucchesi para se adaptar ao orçamento. Denzel Washington acompanhou de perto a recriação de seu personagem.
``No roteiro original, o papel de Denzel havia sido escrito para Michael Douglas. Ele desistiu porque estava querendo fazer um filme mais romântico. Por isso, alguns diálogos tiveram de ser reescritos e Denzel colaborou muito", disse Leonard em entrevista à Folha.
Todos os efeitos especiais foram criados pelo próprio diretor, que tem um estúdio -o L2 Communications- especializado em efeitos criados por computador.
``Sou obcecado por novas tecnologias e foi por isso que fiquei fascinado pelo filme. A realidade virtual está muito mais próxima da do que imaginamos e acho que ainda há pouca discussão sobre o assunto", disse Leonard.
No filme, Parker Barnes (personagem de Denzel Washington) é um ex-policial condenado à prisão perpétua por ter matado os assassinos de sua mulher e filha.
Quando o andróide Sid 6.9 (interpretado pelo ator neo-zelandês Russell Crowe) consegue escapulir das telas dos jogos de realidade virtual para o mundo de verdade, Barnes é apontado como a única pessoa capaz de detê-lo.
Isso porque Sid 6.9 é um criminoso completo, que reúne traços da personalidade dos 183 mais perversos homicidas (de Adolph Hitler a Charles Manson).
Sid havia sido criado para treinar policiais. A idéia era de ``construir" um criminoso quase imbatível no computador para que os policiais descobrissem maneiras de vencê-lo e se tornassem imbatíveis nas ruas.
Mas o criador termina se apaixonando pela criatura e resolve burlar as regras de segurança e trazer Sid 6.9 para a realidade.
Como é de se imaginar, ele sai matando a torto e a direito. Por ser imune a balas e conseguir reconstituir seu corpo em minutos ao comer vidro, só um ``superpolicial" como Barnes/Washington pode parar a matança.
Esse é o segundo filme de Crowe nos EUA e sua performance vem sendo considerada um dos pontos altos do filme.
``Queríamos que o Sid fosse um assassino carismático. Ele foi programado para matar e não tem moral porque é um andróide. E Crowe percebeu isso muito bem. No set, ele se divertia imaginando como mataria a próxima vítima", disse Leonard.
``Me diverti mesmo. O Sid é um roqueiro, como eu", disse Russell Crowe à Folha. Para ele, trabalhar com Washington foi ``maravilhoso". ``Não houve competição. Nos demos bem porque somos brincalhões. Entre todos os atores americanos que já encontrei, ele é o mais legal."
O diretor afirmou que não tem medo que o filme seja considerado muito violento. ``Sei que muita gente vai criticar o personagem Sid 6.7. Mas quis mostrar que a realidade virtual pode trazer o lado mais podre do ser humano e não apenas aspectos positivos."

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