São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995 |
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`Aurora' é o filme que transforma Hollywood
INÁCIO ARAUJO
Mas há que se fazer uma exceção para "Aurora" (1927). De King Vidor a Howard Hawks, toda uma tradição do cinema americano -a melhor- se cria a partir do primeiro filme de F.W. Murnau nos EUA. Murnau trouxe da Alemanha uma concepção de arte madura (muito mais que em Hollywood) e tecnicamente desenvolvida. Uniu o perfeccionismo a um orçamento notável. Virou de cabeça para baixo o cinema americano, ao contar a história do fazendeiro que decide matar a mulher e ir para a cidade com a amante. A história não é tão importante. Narrativamente, o filme explora até o osso as possibilidades do cinema mudo. Os gestos e olhares dos atores, o trabalho de câmera, de luz e cenografia, mais a animação total do quadro, se encarregam de contar a história, quase sempre dispensando intertítulos. Há bem mais. Alternância perfeita entre humor e drama, sentido raro dos matizes, flutuação dos sentimentos, capacidade de síntese, ritmo. Só falta "Aurora" falar. A exibição de hoje, às 17h, é a última na atual mostra deste filme que raramente passa no Brasil. É uma pena que a cópia tenha um acompanhamento musical fajuto. Seria melhor estabelecer um padrão para os filmes mudos: ou bem se encontra a partitura original, ou bem se projeta o filme em silêncio. Esses acompanhamentos que raramente se encontram com a imagem contrariam seu sentido e ritmo, dispersam a atenção. Por sorte, "Aurora" triunfa alegremente sobre esta adversidade. Texto Anterior: Washington protagoniza `thriller' futurista Próximo Texto: Wilker prefere a sala de sua casa Índice |
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