São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Sérvios tomam Zepa e expulsam civis

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios da Bósnia tomaram ontem Zepa, encrave muçulmano no leste do país. É a segunda área protegida da ONU a ser ocupada em duas semanas.
A exemplo do que ocorreu no primeiro encrave ocupado, Srebrenica, os sérvios começaram a evacuação dos civis muçulmanos.
No começo da noite de ontem, 21 ônibus sérvios levaram os primeiros grupos de moradores para regiões controladas pelos bósnios.
Em Srebrenica, a "limpeza étnica" atingiu mais de 30 mil pessoas, número equivalente à população total de Zepa.
No começo da manhã de ontem, uma coluna de blindados sérvios entrou em Zepa, cidade cuja rendição havia sido anunciada pelo líder militar Ratko Mladic na quarta-feira passada.
Houve alguns combates no norte da cidade, que foi considerada perdida pelo governo bósnio apenas às 19h (14h em Brasília). Ainda não há um balanço do número total de mortos e feridos.
No começo da noite, cerca de 150 feridos foram retirados do encrave por veículos sérvios escoltados por soldados ucranianos da ONU. "Os feridos foram levados para Sarajevo", afirmou a porta-voz da ONU Myriam Souchaki.
As tropas bósnias abandonaram a cidade e, segundo comunicado do Exército, se refugiaram em florestas próximas do encrave. Há possibilidade de uma tentativa de retomada, segundo o informe.
Segundo a ONU, estava programado para ontem à noite um encontro entre Ratko Mladic e o comandante das forças de paz da ONU na Bósnia, Rupert Smith.
Agora, das áreas bósnias declaradas protegidas pelas Nações Unidas em 1992, sobram apenas Sarajevo, Tuzla, Gorazde e Bihac.

Bihac e Gorazde
Em Bihac, a ofensiva militar continua. O encrave está sendo ocupado pelos sérvios da Bósnia, da Croácia e por muçulmanos rebeldes liderados por Fikret Abdic.
Ontem, o líder rebelde disse que vai proclamar um Estado independente na região de Bihac, a Bósnia Ocidental. Abdic era um milionário do setor agrícola antes da guerra e, desde 1992, apóia os sérvios croatas e bósnios em sua luta para se unificar à Sérvia.
"Estamos vivendo o pior. Sem ajuda da Croácia, podemos enfrentar grandes dificuldades", disse o comandante bósnio em Bihac, general Atif Dudakovic.
Ele se refere ao acordo entre croatas e bósnios para a defesa de Bihac. A Croácia está posicionando tropas e tanques para um ataque contra os sérvios croatas pela retaguarda, criando duas frentes de combate -o que enfraqueceria a ofensiva contra Bihac.
Ontem, os croatas lançaram morteiros contra as cidades sérvias de Grahovo e Glamoc, na Bósnia, como sinal de que vão entrar na luta por Bihac.
Em Gorazde, encrave cuja defesa foi priorizada pelos aliados ocidentais, não houve combates ontem. As tropas sérvias cercam a cidade, mas evitam atacar temendo que isso desencadeie uma campanha aérea da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) contra alvos sérvios na região.

Sarajevo
Um helicóptero britânico foi alvejado por tiros ontem em Sarajevo, mas conseguiu pousar sem que ninguém ficasse ferido.
O aparelho, um Sea King, estava levando equipamentos para a unidade britânica da FRR (Força de Reação Rápida) instalada no monte Igman, única via de acesso a Sarajevo.
Atingido por tiros de fuzil, ele fez um pouso forçado perto do aeroporto da cidade, foi reparado e seguiu viagem.
A FRR na capital bósnia é composta por franceses e britânicos. Desde seu posicionamento no monte Igman, anteontem, a estrada que passa pelo local não sofreu ataques sérvios.
A rota é a única utilizada por comboios humanitários e da ONU para Sarajevo.

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