São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
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Cunha Lima conclui hoje parecer que dá privilégios à Petrobrás

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), relator da emenda do governo que acaba com o monopólio do petróleo no Senado, quer modificar dois pontos da proposta já aprovada pela Câmara.
O parecer impõe ressalvas para proteger a Petrobrás, além de estabelecer a obrigatoriedade de uma lei complementar para regulamentar o fim do monopólio.
Cunha Lima conclui hoje seu parecer. Ele vai incluir a manutenção dos direitos da empresa na parte da emenda (inciso II do parágrafo 3º) que estabelece as condições para a abertura do setor a empresas privadas.
A intenção do relator é garantir o controle da Petrobrás sobre as 29 bacias já identificadas no país, a preferência da empresa nas concorrências e a proibição da venda da Petrobrás.
A primeira parte do parecer faz um relato da tramitação da emenda no Congresso.
Na segunda parte, intitulada ``Petrobrás - habilitá-la para a concorrência e não debilitá-la para a sucumbência", o senador defende suas alterações.
Nas conclusões, Cunha Lima prevê a resistência que o parecer enfrentará. "A matéria é mais de prudência do que de urgência. Não seriam mais dois meses que iriam comprometer uma história de 41 anos", diz o parecer.
Se o parecer de Cunha Lima for aprovado no Senado, a emenda volta para a Câmara, onde terá que cumprir novamente os prazos previstos de votação, contrariando o desejo do governo de ver a emenda aprovada ainda em agosto.
``No presidente eu confio, mas ele não é permanente. A lei não pode ter a transitoriedade dos mandatos. Ele disse e eu acredito, mas é preciso ficar na lei", afirmou Cunha Lima em resposta a Fernando Henrique Cardoso.
Anteontem, por intermédio do porta-voz Sérgio Amaral, FHC afirmou que não havia necessidade de o Senado alterar a emenda aprovada pela Câmara para assegurar a proteção da Petrobrás.
Cunha Lima acrescentou em seu parecer gráficos para ilustrar a situação do setor no país. Um dos quadros mostra a distribuição do dinheiro pago pelo por um litro de gasolina.
Segundo o parecer, 14% dos R$ 0,51 pagos pelo litro são destinados pela Petrobrás a pesquisas, produção e refino do petróleo.
Outros 14% vão para empresas distribuidoras.
Os impostos representam 36% do preço. Os subsídios para álcool, nafta e gás representam 25%.
Com os dados, Cunha Lima pretende sensibilizar os parlamentares para a aprovação do parecer.

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