São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
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O perdedor procura a desforra

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O Oscar tem seus "marcados para perder. Al Pacino podia fazer e acontecer, até "Perfume de Mulher", mas não ganhava a estatueta. Gordon Willis, o fotógrafo só faltou fazer chover em "O Poderoso Chefão (todos), mas nunca levou nada.
Martin Scorsese contentou-se em ver alguns de seus atores premiados por filmes que dirigiu (Robert De Niro, Paul Newman), mas só. Enfim, os exemplos são inúmeros de como o que fica para a história não tem nada a ver, necessariamente, com o que triunfa.
É bem o caso de Paul Newman, neste "O Veredicto" (Globo, 1h10) -e tantos outros. Perde-se a conta de quantas vezes ficou de mãos abanando. Acabou ganhando um Oscar honorário -uma espécie de indenização por perdas e danos- e nem estava na platéia quando acabou, enfim, vencendo, em 1986, com ``A Cor do Dinheiro".
Em "O Veredicto" está soberbo, fazendo, justamente, o advogado perdedor que pega uma causa ingrata: processa um poderoso hospital e poderosos médicos que contam com advogados também poderosos.
É o caso típico de causa perdida, numa linha cara ao cinema americano: o do sujeito em busca de uma segunda chance (no caso, uma última chance).
Diante de um assunto nem tão profundo assim, Sidney Lumet fez um filme cheio de brio. Abdicou de um estilismo que por vezes atrapalha seus trabalhos. E pôs em relevo Newman: é uma verdadeira revanche do perdedor, contra a sorte, contra a circunstâncias, contra o destino.
É, como se diz agora, adrenalina pura. Não no sentido de uma agitação histérica, óbvio. Mas de uma intensidade dramática que, todo o tempo, bate na tela e reflete no espectador.
(IA)

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