São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
Texto Anterior | Índice

Refugiados de Zepa são 2.500

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 2.500 civis muçulmanos já foram evacuados de Zepa, área protegida da ONU ocupada anteontem pelo Exército dos sérvios da Bósnia.
Comboios de ônibus com os civis estão se dirigindo para a cidade de Kladanj, no território bósnio ainda controlado pelo governo. Até a noite de ontem, 27 ônibus sérvios faziam o transporte.
Diferentemente do que ocorreu em Srebrenica, o primeiro encrave muçulmano conquistado pelos sérvios bósnios, há duas semanas, a ONU está acompanhando a retirada dos civis.
Naquela área ocupada houve, segundo relatos dos refugiados confirmados pelas Nações Unidas, execuções e estupros de civis.
Preocupados com a repercussão negativa do episódio, que acelerou a ordem internacional de prisão contra seus líderes, os sérvios bósnios permitiram o monitoramento da "limpeza étnica" em Zepa.
Ontem, a Suíça disse que não deve prender os líderes sérvios Radovan Karadzic e Ratko Mladic, caso eles participem de negociações de paz em território suiço.
Segundo o comando das tropas da ONU, um grupo de 150 feridos durante a ocupação de Zepa chegou na madrugada de ontem a Sarajevo, capital da Bósnia.
No encrave de Bihac, no noroeste da Bósnia, cerca de 8.000 civis começaram a fugir de suas casas, segundo a Cruz Vermelha internacional.
A área está sob ataque em três frentes: ao norte, por muçulmanos rebeldes, a oeste, pelos sérvios da Croácia; e a sul e a leste pelos, sérvios da Bósnia.
"A fuga de Bihac é um desastre humanitário. Todos têm medo de uma repetição da campanha trágica de Srebrenica", disse Kris Janowski, porta-voz do Alto Comissariado para Refugiados da ONU.
O líder dos muçulmanos rebeldes, Fikret Abdic, declarou ontem a autonomia da "República da Bósnia Ocidental" no território que controla ao norte de Bihac.
Abdic era um milionário empresário antes da guerra e, desde 1992, apóia os sérvios da Bósnia e da Croácia no conflito em que tentam se unificar à Sérvia.
Em Sarajevo, duas pessoas morreram e dez foram feridas em ataques com morteiros.

Texto Anterior: Senado aprova fim de embargo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.