São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 1995 |
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Alcatel compra ações de sócio brasileiro
ELVIRA LOBATO
O valor do negócio é mantido em sigilo. Pereira Lopes permanecerá na presidência do Conselho Administrativo da holding Alcatel S/A e da Alcatel Telecomunicações até a conclusão de algumas operações comerciais. Os acionistas franceses possuem agora 49% das ações com direito a voto da Alcatel brasileira. Os outros são Itaú (31,8%), Cataguazes Leopoldina (9,8%) e grupo Ipiranga (8,71%). A saída de Pereira Lopes vinha sendo negociada desde o início do ano e está diretamente ligada à necessidade de aporte de capital. Nos últimos dois anos, a Alcatel Telecomunicações acumulou prejuízos de US$ 80 milhões e a empresa precisa receber capital que cubra o prejuízo. A venda das ações para os franceses envolveu uma complicada operação. Pela legislação brasileira, empresas fabricantes de equipamentos de telecomunicação têm de ser controladas por capital nacional. A Alcatel francesa já possuía 40,3% das ações com direito a voto e extrapolaria o limite legal caso absorvesse todas as ações com direito pertencentes a Lopes. A solução foi converter parte das ações ordinárias (com direito a voto) em ações preferenciais (sem direito a voto). Com isso, a Alcatel francesa se manteve nos limites legais e ficou com 58% do capital total da companhia. A Alcatel brasileira é produto da fusão de quatro empresas: Standard Eletrônica, Elebra Telecom, Sesa Rio Telecomunicação e Multitel, que formaram a Reserva Multitel. Em 1991, a Alcatel francesa comprou 20% do capital da Reserva Multitel, que passou a se chamar Alcatel. Nos anos seguintes, os sócios estrangeiros injetaram US$ 60 milhões na companhia e aumentaram sua participação para 50,2% do capital total. A administração da Alcatel brasileira não tem sido uma tarefa fácil para os franceses. Nos últimos quatro anos, a empresa teve quatro diretores superintendentes. A exemplo de outros fabricantes estrangeiros, como AT&T e Motorola, que chegaram ao país a partir de 90, a Alcatel tem encontrado dificuldade para vender seus produtos ao governo. Durante 12 anos, NEC, Equitel (Siemens) e Ericsson tiveram reserva de mercado para o fornecimento de centrais telefônicas de grande porte ao Sistema Telebrás. A reserva acabou há quatro anos, mas grande parte das novas encomendas tem sido feita por aditivo a contratos antigos. Texto Anterior: Juros altos retiram dinheiro das Bolsas Próximo Texto: GM pode produzir motores a gás Índice |
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