São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Marcel muda mas não perde o charme

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O restaurante Marcel tem bons motivos para comemorar este ano de 1995. Ele entra em sua quarta década sadio, com um novo endereço (o dos Jardins mudou há dois meses para a r. da Consolação) e sem perder o padrão de qualidade.
Mas este é também um ano de luto: o francês Jean Durand, que personificou o restaurante durante toda sua história, morreu dia 25 de maio último, aos 84 anos de idade.
A origem do Marcel não é muito rica em detalhes. O bistrô nasceu no centro da cidade, na rua Epitácio Pessoa, na primeira metade dos anos 50.
Logo seu proprietário -o próprio Marcel- resolveu voltar para a França e passou a casa adiante. Foi quando apareceu Jean Durand, nascido em Lyon (a capital gastronômica da França), que moldou a imagem do Marcel: a de um bistrô clássico, cuja especialidade são os suflês.
Depois de aberta uma filial nos Jardins, o velho Marcel do centro terminou mudando para um flat no Brooklin, em 93. Parte do charme se foi -mas já vinha se esvaindo, de qualquer forma, pelas mudanças urbanas da região.
Em todo caso, a cozinha não sofreu. Durand, nos últimos anos, continuava sócio, mas o comando efetivo foi transferido para seu genro Demerval Despirite, paulista de 40 anos, e dois sócios suíços: Ambroise Zefferey, 62, e Max Keller, 52 (ambos proprietários também do Le Jardin Suisse).
A abertura deste novo Marcel se deu mais uma vez em um flat. Mas o impacto sobre o clima do restaurante foi menor do que o costumeiro. O salão é dominado por um bar de madeira atraente, apesar de ser muito grande para o ambiente. Um belo armário com escaninhos fechados é dedicado às garrafas de uísque dos frequentadores.
A nova cozinha mantém seu indispensável forno de alta temperatura, o que garante a consistência dos suflês: sempre cremosos e de copa crocante. São os de sempre: o da casa (queijo, camarão e champignons), o de frutos do mar, num total de 12, agora também em meia porção, além daqueles de chocolate e licor de laranja, para sobremesa.
Mas a cozinha francesa tradicional está presente também nos patos: no coelho na mostarda, no filé à la périgourdine (molho de madeira e patê de fígado), no haddock com manteiga queimada.
Além deles, há pratos menos clássicos, mas de boa execução, como o risoto de frutos do mar com curry; e um cardápio rotativo, de sugestões do dia. Nada que desmereça a bela obra construída desde há quatro décadas pelo francês Jean Durand.

Texto Anterior: `Andrei Rublev' é `épico espiritual' de Tarkovski
Próximo Texto: NOVIDADE; SUSHI; TACO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.