São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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`Afoiteza' faz Motta suspender contratos firmados pelas `teles'

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, disse ontem que suspendeu a assinatura de novos contratos durante a fase de mudança das diretorias das telefônicas estatais.
``Passei uma portaria há 15 dias suspendendo as contratações até a posse das novas diretorias, até porque havia uma certa afoiteza para assinatura de novos contratos, um certo vigor patriótico que me preocupou", afirmou.
Motta admitiu que houve composição política para nomeação de parte das diretorias das telefônicas estatais, mas afirmou que o ministério tem ``absoluto controle" sobre a gestão das empresas.
Segundo ele, as diretorias das telefônicas estatais ficarão submetidas a sete conselhos regionais de administração, compostos por profissionais do ministério.
Cada conselho, segundo ele, será responsável por quatro telefônicas e terá o mesmo poder dos conselhos administrativos das empresas privadas, que decidem todos os atos relevantes.
Para acomodar as indicações políticas e, ao mesmo tempo, manter o controle sobre as telefônicas estatais, a direção das empresas foi reestruturada.
Os presidentes foram indicados pelos governadores, mas se criou o cargo de vice-presidente, indicado pelo ministro.
As diretorias técnica e operacional foram preservadas, por força dos próprios estatutos das empresas, que exigem a nomeação de pessoas do quadro da empresa nesses dois cargos.

Privatização
Motta criticou os empresários que cobram mais agilidade no programa de privatização. Segundo ele, o grande trabalho do atual governo é ``desprivatizar" o Estado.
``Há um equívoco quando o setor privado cobra a privatização do Estado. O Estado brasileiro sempre foi privado, porque sempre esteve a serviço dos grandes setores privados", afirmou.
Segundo Motta, além de ``desprivatizar" o Estado, é preciso estatizar o governo, ``que nunca foi estatal, no sentido de fazer políticas públicas de saúde, educação e segurança".
As declarações foram feitas em São Paulo, durante a posse do novo delegado regional do Ministério das Comunicações no Estado, Eduardo Graziano, irmão do chefe de gabinete da Presidência da República, Francisco Graziano.
Motta disse que a delegacia vive uma situação de caos. Segundo ele, existem 8.097 processos parados e apenas cinco fiscais para todo o Estado.
``Ela foi montada para não funcionar", declarou.

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