São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Amigo não crê que filho tenha matado pai

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Ricardo Cardoso, 22, disse que não acredita que A.F.T., 15, tenha matado o pai, o advogado José Francisco da Silva, 68. Cardoso é amigo de A.F.T. e depôs ontem no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), em São Paulo.
A.F.T. assumiu a autoria do crime em depoimento à polícia anteontem. Ele disse que aliviou o sofrimento do pai, que desconfiava ter câncer. Até então, a família dizia ter havido um suicídio.
Na noite do crime, no último sábado, Cardoso foi ao apartamento do amigo. Ao chegar, viu a avó de A.F.T., Bernardina de Jesus Rocha, 84, o amigo e os homens de uma unidade de resgate do Corpo de Bombeiros.
Ele disse que não viu a mãe de A.F.T., Lúcia Rocha da Silva, 58, no apartamento. ``O corpo estava perto da porta do banheiro", disse.
Naquela madrugada, A.F.T. dormiu no apartamento de Cardoso, que fica no mesmo prédio onde o crime aconteceu. Segundo ele, Lúcia foi ao seu apartamento por volta das 4h.
``Ele (A.F.T.) tremia muito e repetia que seu pai havia se matado", disse Cardoso. Segundo ele, A.F.T. nunca lhe disse nada sobre a doença que o advogado teria. ``Ele era muito ligado ao pai. Não sei por que confessou."
A polícia também tomou o depoimento da mãe de Cardoso, Suzana Zacília, 49. Suzana ia com Vera à missa nos finais de semana.
Ela disse que Vera comentou nos últimos meses uma única vez que seu marido estava com dores no estômago. ``Ela afirmou que se surpreendeu com a notícia do crime", afirmou o delegado Osmar Ribeiro Santos, 35, do DHPP.
Ele também ouviu um porteiro do prédio para confirmar que nenhum estranho estava no apartamento na noite do crime.
Na próxima semana, deverão depor o policial Carlos Alberto Domingues, cunhado do advogado, e Bernardina. Além deles, serão ouvidos os PMs que foram ao apartamento após o crime.
A.F.T. será apresentado por sua mãe à Vara da Infância e Adolescência. A lei prevê desde acompanhamento psicológico até a internação para um adolescente que comete um crime.

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