São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995 |
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Médico acusa hospital de 200 mortes
AURELIANO BIANCARELLI
Fiore encaminhou uma representação pedindo ao Ministério Público Estadual que investigue os casos e encaminhe ações indenizatórias em favor das famílias das vítimas. No documento, o médico relata 14 casos baseando-se em prontuários médicos e depoimentos de funcionários. ``Todas as mortes envolveram alguma falha na estrutura hospitalar, falta de controles médicos e de administração de medicamentos nos horários devidos, falta de aparelhagem adequada, negligência ou imperícia médica", disse. ``Tenho documentos provando 14 casos. Mas o número de mortes deve passar de duas centenas." O hospital pertence ao Estado. Cópias da representação foram enviadas à Secretaria da Saúde, ao Conselho Regional de Medicina, à Ordem dos Advogados do Brasil e várias outras entidades. Segundo Fiore, a ``maioria das famílias são carentes e não têm noção dos seus direitos. Nem sabem que as mortes poderiam ser evitadas. Daí a necessidade da participação do Ministério Público". No ano passado, Ronaldo Fiore denunciou um suposto conchavo entre médicos e a direção de hospitais: para compensar os baixos salários, os médicos estariam reduzindo suas jornadas de trabalho com o consentimento da direção. ``O CRM e o Sindicato dos Médicos não se interessaram em se aprofundar no caso", disse. Fiore tem dois filhos pequenos, mora em apartamento alugado e, além do emprego no Hospital de Ferraz de Vasconcelos, trabalha num pronto-socorro da prefeitura e em um hospital privado. ``Corro o risco de ficar sem trabalho, mas não poderia deixar de fazer as denúncias", diz. Ele pode ser processado por ter divulgado informações dos pacientes. Segundo o médico, alguns funcionários do hospital farão na segunda-feira um plantão na frente do hospital denunciando as precárias condições de trabalho. Texto Anterior: Fiscalização da polícia aumenta no fim das férias Próximo Texto: Direção alega superlotação Índice |
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