São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Três também é bom

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Uma informação veiculada na imprensa italiana nesta semana confirma a tese levantada por esta coluna no final do ano passado.
A F-1 deve se tornar, em alguns anos, um campeonato de marcas. O primeiro passo, a eliminação dos pequenos times, já não é uma possibilidade remota.
Os fabricantes fizeram uma reunião para discutir a velha proposta de transformar os grandes times em fornecedores para os pequenos. Um exemplo aleatório: Williams e Renault cederiam chassis e motores da temporada anterior para a Pacific.
Teoricamente, o procedimento diminuiria os custos das equipes menores -uma versão mais sofisticada do que acontece na Indy.
Mas, no tal encontro, os fabricantes pensaram duas vezes, fizeram as contas e decretaram: melhor seria se os grandes tivessem três carros no grid.
A aritmética é simples. Existem hoje sete equipes com fornecimento exclusivo de motores, sem contar a Ligier, que deve perder os motores Honda -os japoneses devem criar um time próprio.
Oito vezes três dá 24, o mesmo número de carros que existe no grid hoje em dia. Ou seja, oito times fortes, quase o mesmo número de fabricantes e um campeonato mais equilibrado.
A conta pode parecer simples demais, mas significa lucro. Os custos de um terceiro carro poderiam ser diluídos tanto por patrocinadores, quanto por fabricantes.
Oito grandes times teriam oito grandes patrocinadores, mais visibilidade para uma menor quantidade de logotipos. Ou, como na Indy, os carros de um mesmo time poderiam ter patrocínios diferenciados -já existe o boato de que o McDonald's teria interesse de bancar um carro da Benetton.
Para os fabricantes, quanto mais dinheiro colocarem nos times, mais poderão cobrar dos mesmos -e não viver situações como a da Mercedes, que está jogando milhões de marcos no poço sem fundo que é a atual McLaren.
Resumindo: a proposta é interessante para todos os envolvidos. E aos pequenos times, adeus.

Pepsi, McDonald's, Nike. Empresas pouco afeitas ao automobilismo de ponta começam a se envolver tanto com a Indy, quanto com a F-1.
Na verdade, as duas categorias se apresentam como interessantes mídias alternativas, mesmo no Brasil. Agora, para nós, só faltam os heróis de verdade. Fabricados, já temos demais.

Texto Anterior: ANTEONTEM
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.