São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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O campeão do fracasso

Relatório divulgado pelo Banco Mundial, relativo ao biênio 88/89, coloca o Brasil na incômoda posição de país com maior desigualdade social no mundo, tendo por base os índices de concentração de renda nas mãos dos mais ricos.
Os números são cruéis: apenas 20% dos mais ricos detinham 67,5% da renda nacional. No biênio anterior, a mesma porcentagem da população ficara com 63% dos rendimentos gerados no país.
A gravidade desses dados poderia ser, em parte, atenuada pela consideração de que, no período a que se refere o relatório, a atividade econômica se encontrava sob forte pressão inflacionária, que penaliza os mais pobres e beneficia setores produtivos que têm acesso aos mercados financeiros.
Por outro lado, a despeito da maior abertura da economia aos mercados externos e da maior competitividade daí resultante, não há ainda nem sequer longínquas evidências de que o perfil distributivo tenha sofrido alterações.
Ao contrário, todos os indicadores sociais apontam para um recrudescimento das disparidades. O país conta com mais de 50 milhões de analfabetos ou alfabetizados com ínfima compreensão do que lêem, 33 milhões de indivíduos em miséria absoluta, inchaço urbano crescente, um enorme contingente de crianças marginalizadas, as cidades em favelização e um desemprego que assola periodicamente o mercado de trabalho.
Esses e outros dados ainda têm feito do Brasil um país que está no topo de uma lista em que seria bem melhor estar no fim.

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