São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Público e privado; Agricultores; Vergonha no boxe; PCB, sim; Banco do Brasil; Desaparecidos

Público e privado
``A propósito da reportagem `Ex-ministro assume empreiteira', publicada na edição de 17/7, e em respeito aos leitores deste jornal, entre os quais me incluo, permito-me registrar os comentários abaixo, que peço divulgar com igual destaque. Não procede a informação de que movimento-me `nos corredores dos órgãos públicos para fazer lobby e receber dívidas dos empreiteiros'. Como vice-presidente do Grupo Lix da Cunha, tenho mantido contatos com órgãos públicos -federais, estaduais e municipais- e com empresas estatais e privadas para tratar dos créditos a receber de todas as nossas firmas, dentre as quais a construtora, e não `para receber dívidas dos empreiteiros', como dá a entender a matéria. Da mesma forma, venho negociando de forma amigável e profissional com dirigentes de todos os bancos que são nossos credores. Uma eventual `troca de gentilezas' com qualquer um deles não significa que os `tempos mudaram', como expressa a reportagem. Ao contrário, permanecem inalterados, pois sempre pautei a minha conduta pelo respeito e cordialidade com todos os meus interlocutores, o que pode ser comprovado por redatores e repórteres desta Folha que comigo conviveram. A sutil e leviana insinuação de que a Lix da Cunha, mesmo apontada em supostas -apesar de desmentidas- ligações com um parlamentar envolvido na CPI do Orçamento, `passou ilesa, sem nenhuma acusação' pela Comissão Especial de Investigações (CEI), que tive a honra de presidir, antes de atingir-me agride homens com a estatura moral e a integridade dos senhores Candido Mendes de Almeida, Daniel Quintela Brandão, Emerson Kapaz, Evandro Gueiros Leite, Francisco Batista Torres de Melo, Miguel Jeronymo Ferrante e Modesto Carvalhosa, que compunham aquela comissão e aos quais eram submetidos os assuntos que nela tramitavam e sobre eles livremente deliberavam. Se dúvidas restam a este jornal sobre a lisura dos trabalhos da CEI, informo à Folha que os seus arquivos foram repassados ao Ministério da Justiça e os relatórios dos seus trabalhos entregues ao excelentíssimo senhor presidente da República e ao senhor procurador-geral da República. Esclareço, finalmente, que, ao me desligar do governo, recebi alguns convites de trabalho em empresas públicas e privadas, tendo optado pelo Grupo Lix da Cunha, dentre outras razões, pela idoneidade da família que o controla e, principalmente, pela convicção de que, em qualquer setor, há um papel importante a ser desempenhado por quem ama este país e se acha capaz de contribuir para a construção de melhores dias."
Romildo Canhim, vice-presidente das empresas Lix da Cunha (Campinas, SP)

Resposta do jornalista Xico Sá - O ex-ministro tem circulado, conforme ele mesmo contou à Folha -em entrevista gravada- nos gabinetes do governo paulista, como o do secretário de Planejamento, André Montoro Filho, e também nas salas de diretores da Cesp e Dersa, onde a Lix da Cunha tem dívidas a receber. A reportagem não contesta o trabalho da CEI, apenas registra a mudança de emprego do ex-ministro.

Agricultores
``Como assinante e de certa forma contribuinte da Folha, senti-me decepcionado ao ler o artigo de Josias de Souza `Atenção contribuinte'. Sugiro que Josias tenha o cuidado de informar-se do assunto que vai relatar e somente com dados corretos faça a reportagem para não correr o risco de ser ridicularizado. Gostaria também que a Folha fizesse uma revisão nos seus artigos antes de publicá-los para não perder seu crédito junto a seus leitores. As inverdades colocadas no artigo somente servem para vulgarizar de forma incorreta os agricultores. Idiotas! Senti-me idiota ao ler o artigo e não entendi até agora como um jornal como a Folha publique um artigo com tal nível de desinformação. Para a Folha e o Josias de Souza resgatarem sua credibilidade, deveriam ver os ocorridos no artigo e, com conhecimento de causa, fazer uma retratação com a verdade no mesmo espaço utilizado."
José Luis Toesca de Aquino (Ponta Porã, MS)

Resposta do jornalista Josias de Souza - Lamento a ausência de contestações objetivas, que possibilitariam esclarecimentos mais sólidos. Ante a generalidade da carta, limito-me a informar, em tom igualmente genérico, que não há uma vírgula a ser retificada.

Vergonha no boxe
``Em razão dos acontecimentos ocorridos, no domingo passado, dia 23/7, no combate entre o brasileiro José `Dinamite' Gomes e Lenzie Morgan, na verdade Tim Clair, é que venho manifestar-me contrariamente a essa forma de conduzir o boxe brasileiro. Não é tolerável que um esporte que já deu ao Brasil três títulos mundiais, que tem representantes ligados ao CMB (Conselho Mundial de Boxe), permita `espetáculos' de tão baixa qualidade, não somando nada ao desporto nacional. Seria muito mais interessante ao boxe brasileiro que essas pessoas, aliás descompromissadas com o futuro do nosso boxe, deixassem espaço para aqueles que podem e querem reerguer esse esporte, que me projetou mundialmente e que amo tanto."
Eder Jofre, vereador de São Paulo pelo PSDB (São Paulo, SP)

PCB, sim
``Referindo-se ao livro `Política é Paixão', de Antônio Carlos Magalhães, o `Painel' disse no dia 27/7 que o editor era do grupo AP. Sou o editor e preciso retificar. Nada tenho contra a AP, mas o único partido a que já estive filiado foi o PCB, durante 25 anos, com orgulho e dedicação integral, até 1980, quando achei que não estava mais a meu gosto e me afastei."
Renato Guimarães (Rio de Janeiro, RJ)

Banco do Brasil
``Felizes as colocações de Janio de Freitas em sua coluna de 26/7. Conseguiu indicar para o governo e para a sociedade onde está o principal problema do Banco do Brasil. Reafirmamos cotidianamente para a direção do banco que a preocupação maior deve ser com relação à capitalização da instituição. E isso passa, necessariamente, pela cobrança efetiva dos devedores -entre os quais figura o Tesouro Nacional."
Joel Bueno e Érika Kokay, dirigentes da Confederação Nacional dos Bancários da Central Única dos Trabalhadores (Brasília, DF)

``Depois que vários governos dilapidaram o Banco do Brasil, querem extinguir o que lhe resta de mais importante, que é o seu quadro funcional. Por que não se fala em pagar os débitos do Tesouro para com o banco? E também as dívidas do Bacen, do INSS, das `brás' e diversos outros órgãos do governo? Nestes dias estão impondo outra `tarefa' ao mesmo Banco do Brasil: captar financiamento lá fora, em nome da Petrobrás, para `alimentar' os usineiros. Mais uma vez ninguém vai pagar (nem usineiros, nem Petrobrás) e o banco acumulará mais este enorme prejuízo. O conselho fiscal do Banco do Brasil, formado inclusive por membros do Ministério da Fazenda, já afirmou em pareceres que não é o grande número de funcionários que está a pesar em seus resultados financeiros. Enfim, deveria o sr. presidente da República dizer a verdade (e somente a verdade) e não ficar conduzindo a opinião pública. O banco é uma sociedade anônima de economia mista, cujos rendimentos são oriundos de suas operações financeiras. O Tesouro, este nosso devedor magnânimo, nunca cobriu `rombo' do BB. Ao contrário, é sempre `socorrido' por seu parceiro, do qual é maior acionista."
Amando Elias Carvalho de Souza (Salvador, BA)

Desaparecidos
``Muito ainda precisa ser feito se queremos `passar a limpo' nossa história, como mostrou o artigo do advogado Mario Simas em 27/7. A abertura dos arquivos do DOI-Codi é, sem dúvida, um passo essencial para o resgate de nossa memória histórica, o conhecimento de nosso passado, a melhor compreensão do nosso presente e a construção de um futuro realmente democrático."
Juliano Bastile e Denise Vitale (São Paulo, SP)

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