São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Parlamentares terão pauta `alucinante'

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Congestionamento à vista em Brasília. Na terça-feira, quando voltarem das férias, deputados e senadores vão enfrentar uma pauta carregada de projetos polêmicos do governo, todos considerados ``fundamentais" para o futuro do Plano Real.
``A pauta do segundo semestre vai ser alucinante e congestionada", prevê o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMDB-RS).
Atento ao provável esvaziamento do Congresso com a proximidade das eleições municipais de 1996, o governo quer aproveitar os próximos meses para reformar o sistema tributário, a administração pública, a Previdência e ainda garantir o equilíbrio das contas.
Os temas prometem dividir a base parlamentar do governo, que chegou a reunir, no primeiro semestre, mais de 340 deputados fiéis às orientações do Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo, em alguns temas mais polêmicos, como a reforma tributária, o governo espera ter o apoio da oposição.
A palavra ``negociação", mais do que nunca, estará na ordem do dia do governo. O presidente Fernando Henrique Cardoso já reavalia as viagens internacionais programadas para os próximos meses. Ela dará espaço a muitos almoços e jantares com parlamentares.
A estratégia usada na primeira etapa da reforma será reforçada. FHC estará, mais uma vez, no comando da operação política para conquistar votos no Congresso.
O vice-presidente Marco Maciel também se prepara para a ofensiva junto aos parlamentares. A receita prescrita pelo vice é: ``Conversar, conversar e conversar."
Apesar do consenso absoluto sobre a necessidade de reforma no sistema tributário, o governo sabe que não vai ser fácil agradar a todos e garantir os votos da maioria.
O tema divide o Congresso e provoca governadores e prefeitos, determinados a não perder dinheiro com a reforma. Durante a revisão constitucional do ano passado, 7.000 das 16 mil emendas apresentadas tinham como alvo o sistema tributário. Resultado: não se chegou a consenso algum.
A estabilidade do Plano Real será o principal argumento do governo para fazer passar o novo pacote de reformas.
``As finanças públicas têm sido mantidas sob controle de maneira instável, extremamente precária e com custos e tensões crescentes, e este equilíbrio não se mantém a longo prazo sem as reformas", diz o deputado Antônio Kandir (PSDB-SP), que há três meses trabalha na questão tributária.
``O problema é que tudo é prioritário: a agenda estará muito carregada e mais difícil", avalia o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, que comanda a negociação de uma das partes mais complicadas do programa de reformas do governo.
Enquanto a reforma do Estado atrai pressões corporativas de servidores públicos e a reforma tributária mobiliza governadores e prefeitos, as mudanças no sistema de aposentadoria são as que mais enfrentam resistências da população.
Encarregada de resolver um rombo de R$ 12 bilhões por ano no Orçamento da União com o pagamento de aposentadorias integrais e ``privilegiadas" aos funcionários, a reforma da Previdência teve seu debate adiado desde março para não atrapalhar as propostas de abertura da economia.
O ministro admite que, diante de tantas prioridades polêmicas, a reforma das aposentadorias poderá ficar no final da fila das reformas.

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