São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Votações serão difíceis, prevê Luís Eduardo

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), avisou a Fernando Henrique Cardoso que, no segundo semestre, o governo sofrerá bem mais para aprovar os projetos de seu interesse no Congresso. As votações serão demoradas, precedidas de arrastadas negociações.
Os temas que restaram são, na sua opinião, mais polêmicos. Para justificar sua tese, o deputado comparou os projetos de quebra de monopólios estatais, aprovados no primeiro semestre, às propostas de reforma da Previdência e do modelo tributário, ainda pendentes de votação.
Segundo o raciocínio de Luís Eduardo, a votação dos monopólios teve um caráter ``plebiscitário". Ou o parlamentar era governista e votava a favor, ou era de oposição e votava contra. ``Não se é meio a favor ou meio contra os monopólios", diz.
Quanto às reformas previdenciária e tributária, Luís Eduardo acha que haverá divisão na própria bancada do governo. ``Todos são a favor da reforma tributária, mas cada um tem um modelo diferente na cabeça", diz, sob reserva, o presidente da Câmara.
``Ninguém se opõe à reforma da Previdência", completa o deputado. ``Mas uns defendem que a idade máxima para a aposentadoria seja 65 anos, outros querem 60 ou 55 anos".
Diante da perspectiva de ter que lidar com opiniões divergentes, Luís Eduardo decidiu adotar o que chama de estratégia do mal menor. Colocará os projetos em votação sempre que sentir que a posição da maioria converge para uma proposta intermediária.
Exemplo: o governo quer que a idade mínima para a aposentadoria seja de 60 anos. Hoje, as pessoas que se aposentam por tempo de serviço param de trabalhar, em média, aos 53 anos. Se sentir que pode aprovar proposta que fixe a idade para a aposentadoria em 55 anos, Luís Eduardo a submeterá ao plenário.
``Nessas horas, não se pode ser perfeccionista", diz em seus diálogos íntimos. ``É melhor ter alguma coisa do que não ter nada".
Luís Eduardo pediu a Fernando Henrique que apresse o envio ao Congresso Nacional dos projetos de regulamentação das emendas constitucionais aprovadas no primeiro semestre.
Planeja manter o plenário ocupado enquanto se desenrola o processo de negociação do restante das reformas.

Texto Anterior: Parlamentares terão pauta `alucinante'
Próximo Texto: Recesso assombra Brasília por um mês
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.