São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995 |
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Textos aconselham sem apelar para fanatismo
VANDECK SANTIAGO
Em uma das mensagens, uma mãe lhe escreve querendo saber se o filho pode casar com a prima. Diz o padre: ``Ambos sendo solteiros, pais querendo, tirando dispensa (permissão), podem casar". Um fazendeiro de Caruaru, José Santana, lhe escreve em 1931: ``Entrego o que tenho ou possuo a Vossa Reverendíssima, me acho aperriado (sic), tenho vontade de seguir esta semana". Padre Cícero responde: ``Tenha paciência aí, vá trabalhando. Deus o ajuda". Em 1932, Antonio Tiburtino, de Pernambuco, lhe manda telegrama afirmando que tem ``um caroço na barriga, lado direito" e que sofre ``muita quentura no estômago". ``Espermente (sic) remédio de vermes", recomenda. Os telegramas também mostram o prestígio do padre Cícero diante dos eleitores. Muita gente lhe escrevia perguntando em quem votar. Em fevereiro de 1930, diante dessas indagações, ele despacha o telegrama: ``Votem chapa dr. Júlio Prestes, Vital Soares". Nessas eleições, Juazeiro do Norte foi o município da região que deu a maior votação a Prestes. Apesar disso, solicitações do padre a políticos nem sempre eram atendidas. Há pedidos de emprego para afilhados, feitos por ele, que recebem respostas negativas. O então presidente (governador) do Ceará em 1925, por exemplo, responde a um desses pedidos afirmando que ``quando recebi o seu telegrama em favor do bacharel Saldanha Araújo, já assinara o título de nomeação de substituto". Em abril de 1932, o padre Cícero endereça apelos ao então presidente Getúlio Vargas pedindo a construção de um açude. ``Hoje amanheceram na minha porta 2.000 pessoas implorando socorro", relata. A obra nunca foi feita. Texto Anterior: OS PEDIDOS AO PADRE Próximo Texto: 'Tradutor' possibilita namoro Índice |
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