São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Marcelinho diz que `nasceu para atacar e não marcar lateral'

Destaque do Corinthians, ele desafia Roberto Carlos

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O meia-atacante Marcelinho é o principal trunfo do Corinthians para a partida de hoje à tarde.
Artilheiro do Corinthians no Paulista, com 12 gols, ao lado de Tupãzinho, ele também é o principal responsável pela criação das jogadas ofensivas da equipe.
Aos 24 anos, Marcelinho atravessa um dos melhores momentos de sua carreira.
``É importante estar em destaque. Os números me valorizam. No Campeonato Brasileiro do ano passado, também fiz 12 gols", afirmou.
``Além de ser um jogador tático, o Marcelo é decisivo. Tem carisma e sua importância para o time é muito grande", elogiou o técnico Eduardo Amorim.
Hoje, o meia-atacante vai viver um duelo particular com o lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Palmeiras.
``Somos muito amigos. Não esquento a cabeça. Existe um respeito mútuo entre nós, mas quem precisa se preocupar comigo é o Roberto", provoca.
Ao final do Campeonato Paulista, Marcelinho tem a intenção de renovar o seu contrato com o Corinthians por mais um ano.
(AR)

Folha - A derrota para o Grêmio na Taça Libertadores pode ter abalado o grupo do Palmeiras para o primeiro jogo da decisão paulista?
Marcelinho - Prefiro falar só sobre as qualidades da minha equipe. A derrota do Palmeiras não pode ser levada em conta.
Além disso, entendo que o Palmeiras ainda é o favorito para conquistar o campeonato porque ganhou as últimas três decisões contra o Corinthians.
Mas já adianto que o nosso time também está muito forte e dificilmente será derrotado.
Folha - O técnico Eduardo Amorim disse que você terá uma função diferente na decisão: além de atacar, precisa cobrir as avançadas do Roberto Carlos.
Marcelinho - Eu acho que o marcador do Roberto Carlos será o André Santos. Eu não sou marcador. Nasci com qualidades ofensivas e tenho que ser marcado.
Além disso, se o Roberto Carlos avançar muito, posso aproveitar os espaços que ele deixar na defesa adversária.
Para mim, é mais difícil jogar contra um lateral que só fica marcando, grudado em você.
Folha - Qual é a importância de Eduardo Amorim para a atual fase do Corinthians?
Marcelinho - Ele é uma pessoa sensacional. Mesmo sendo humilde, faz prevalecer o seu comando. Seu trabalho vem dando acerto e acho que ele deve ficar mais uns dez anos no Corinthians.
Folha - Pelo fato de liderar as assistências no campeonato e ainda ser o artilheiro do Corinthians, você se considera o jogador mais importante do time?
Marcelinho - De modo algum. Eu não jogo sozinho.
Mas sei que os torcedores já esperam um bom desempenho da minha parte. Não vou decepcionar.
O mais importante é manter uma regularidade de atuações e não ter medo de arriscar em um jogo como este.
Folha - As suas cobranças de faltas e escanteios podem decidir o jogo?
Marcelinho - A partida será decidida nos mínimos detalhes, como nas cobranças de bola parada.
Me preparei muito para isso, estou com o pé calibrado.
O Eduardo disse para os jogadores tentarem as jogadas pessoais porque, daí, podem surgir faltas perigosas.
Folha - Isso será suficiente?
Marcelinho - Não. Também temos que preparar algo de diferente para o Palmeiras. Afinal, o Carlos Alberto Silva já treinou o Corinthians e conhece todos os nossos pontos fortes.
Folha - O que significa para você disputar mais uma final contra o Palmeiras?
Marcelinho - São dois jogos de vital importância para mim e para o Corinthians. Podem significar a consagração de todo o grupo.
Não podemos deixar a adrenalina subir muito, mas temos que ter consciência de que não adianta nada vencer o ano todo e, depois, perder para o Palmeiras no final.
Folha - Como você se prepara para uma decisão?
Marcelinho - Procurei pensar no jogo desde o início da semana. Comecei a mentalizar a partida contra o Palmeiras desde sexta-feira.
Após o treino, deitei em uma das banheiras do vestiário do Parque São Jorge e fiquei em silêncio, imaginando cenas do jogo.
O Viola também estava se concentrando, ao meu lado.
Folha - Em uma vitória sobre o Palmeiras, neste campeonato, você fez os dois gols do Corinthians e comemorou um deles chutando a bandeirinha de escanteio do Pacaembu. Já pensou em outra comemoração, caso faça um gol na decisão?
Marcelinho - Nem sei o que vou fazer, se marcar um gol. Antes de pensar em chutar a bandeirinha de escanteio mais uma vez, tenho que verificar se ela é tão dura como a do Pacaembu.
Naquela oportunidade, meu pé ficou doendo.

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