São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995 |
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Sem violência, interior traz de volta a `torcida cordial'
HUMBERTO SACCOMANDI
Sentado no meio da torcida são-paulina, na arquibancada, ele se levantou e gritou, comemorando o gol. A reportagem da Folha perguntou a ele se não tinha medo de apanhar. Um amigo, são-paulino, sentado ao lado, respondeu: ``No interior não se briga por causa de time, só por mulher", disse. A festa no interior parece confirmar que a violência não é inerente ao esporte. Enquanto as torcidas de São Paulo, organizadas ou não, se esforçam para destruir o romantismo dos estádios, das decisões, o interior preserva a cordialidade do futebol de antigamente. Nos três clássicos realizados em Ribeirão Preto (dois Palmeiras x São Paulo e um Corinthians x Santos), houve só quatro ocorrências policiais, nenhuma grave. O torcedor que viajar de São Paulo deverá ver um espetáculo comum 20 anos atrás na capital paulista: torcedores uniformizados se cruzando pelas ruas e bares, carros com bandeiras para fora, mulheres e crianças no estádio. No primeiro clássico entre Palmeiras e São Paulo, as torcidas adversárias se hostilizavam no tradicional bar Pinguim, mas somente aos gritos de ``bicha, bicha". Justamente a presença de mulheres e crianças nos clássicos anteriores impressionou a PM. ``O fenômeno chamou a nossa atenção. Depois da partida, muitas pessoas ligaram para dizer que não tinham tido nenhum problema no estádio", disse o capitão Severi. A PM crê que essa cordialidade da torcida não será afetada com a vinda de torcedores da capital. Os ônibus das torcidas organizadas serão escoltados da entrada da cidade até o estádio. E vice-versa, ao final da partida. A PM pretende evitar que possíveis focos de violência se espalhem pela cidade. ``Nós, no interior, nunca vimos algo assim. Para nós, o que importa é o espetáculo. Meus filhos, por exemplo, nunca assistiram a uma final de Campeonato Paulista", disse Severi. (HuSa) Texto Anterior: 21 vezes campeão Próximo Texto: Chope entra em liquidação Índice |
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