São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Teoria dá trono britânico a príncipe alemão Ernst

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Além dos raciocínios científicos, existem também razões históricas que sustentam a tese dos professores.
Em 1818, o Reino Unido foi palco de uma disputa apelidada de ``A Terrível Guerra do Hímen". Com a morte da princesa Charlotte, segunda na linha de sucessão, o rei George 3º viu-se sem sucessores a médio prazo.
Ele tinha 12 filhos vivos, mas nenhum tinha herdeiros legítimos. Apenas três eram solteiros e estavam, em princípio, em condições físicas de "encomendar" o futuro rei da Inglaterra.
Em 11 de julho de 1818, dois deles, ambos avançados nos 50 anos, casaram-se em uma cerimônia dupla na Igreja da Inglaterra.
O mais velho, o futuro rei William 4º, foi rápido. Teve três filhos, mas todos morreram.
O outro, Edward, duque de Kent, vivia havia muitos anos com uma amante francesa, mas não há registros de que tenha tido filhos, o que leva a supor que tenha sido estéril.
Durante a ``corrida de bebês", o duque abandonou a amante para se casar com Victoire, uma jovem viúva alemã de linhagem nobre, que, um ano depois, deu à luz uma menina, chamada Vitória.
Segundo os irmãos Potts, as dúvidas sobre a origem do gene da hemofilia na família, e a urgência de se produzir um sucessor, indicam que Victoire possa ter decidido aumentar suas chances de engravidar apelando para relações extraconjugais.
O argumento, no entanto, tem dois pontos falhos: a semelhança da rainha Vitória com seu pai oficial e a chance remota de se escolher um parceiro hemofílico -em torno de uma em 20 mil.
Se os cientistas do final do século 20 estão certos e se pudéssemos voltar 178 anos no relógio da história, quem ocuparia hoje o lugar da rainha Elizabeth no trono da Inglaterra?
O felizardo seria o príncipe Ernst August, de Hanover, na Alemanha, tataraneto de Ernst Augustus, duque de Cumberland, o terceiro filho a se lançar na disputa pela produção de um herdeiro.
Outra pergunta intrigante: o que pensa a atual família real dessa história de hemofilia e traição?
Consultado pela Folha, um porta-voz do Palácio de Buckingham foi categórico: ``Essa é a teoria desses autores. Não temos nenhum comentário a fazer".

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