São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Nova greve deve barrar distribuição

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os petroleiros preparam uma nova forma de greve para fazer cumprir o acordo assinado em 25 de novembro de 94, por reajuste de 50% e pela reintegração de todos os demitidos.
A idéia, segundo o coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Antônio Carlos Spis, é encontrar maneiras de forçar o governo a negociar e com isso encurtar a duração da greve para uma semana.
A última paralisação da categoria, que terminou dia 2 de junho, durou 30 dias.
As alternativas, ainda em estudo, são dificultar a entrada de derivados de petróleo no país e ``estrangular a distribuição" nos terminais da Petrobrás, conta Spis.
Dessa forma, diz, o abastecimento entraria em colapso rapidamente, forçando a negociação.
Para evitar o desgaste da greve junto à população, os petroleiros pretendem reforçar a divulgação de seus objetivos na mídia.
Estudam também formas de garantir o abastecimento de combustível à população de mais baixa renda sem a participação das distribuidoras privadas.
``Na última greve, nós garantimos a produção necessária para abastecer o país. Mas quando o combustível chegava nas distribuidoras privadas, a gente perdia o controle", diz Spis.
A nova forma de greve será definida no Congresso Nacional dos Petroleiros, de 11 a 13 de agosto.
``Com as revelações de Jânio de Freitas, fica comprovado que existe obrigação por parte da Petrobrás em cumprir o assinado", afirma. ``E nós vamos buscar isso em nossa data-base, em setembro."
Em sua coluna de sábado na Folha, o jornalista Jânio de Freitas revelou documentos que provam que a direção da Petrobrás participou do acordo de novembro, que prevê o ajuste ``interníveis" (mudança na relação entre as faixas de salários, que traria reajustes).
Para que esse acordo fosse cumprido, os petroleiros fizeram sua última greve. Segundo Spis, apesar de o documento do acordo ser um ``protocolo" e não ter força legal de acordo coletivo, existe o ``compromisso ético e moral" da Petrobrás em cumpri-lo.
Spis afirmou que os documentos de Jânio de Freitas mostram que o presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, é um ``camaleão", que adapta posições e declarações à situação política com o objetivo de se manter no cargo.
Jânio de Freitas revelou documento de Rennó comunicando o entendimento ao ex-presidente Itamar Franco. Um dos argumentos para o não cumprimento do acordo era que ele havia sido feito à revelia da direção da Petrobrás.

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