São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Paulistanos rejeitam nova contribuição

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria da população paulistana (59%) é contra a CMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira), que será criada, a partir da proposta do ministro da Saúde, Adib Jatene, para gerar recursos para a área.
É o que revela pesquisa Datafolha, realizada no dia 29 de julho na cidade de São Paulo.
Segundo a pesquisa, 34% dos entrevistados aceitam a contribuição, 2% se dizem indiferentes e 5% não souberam opinar.
A CMF é inspirada no IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira), que arrecadou, em 1994, 0,25% do valor dos cheques e de outras movimentações financeiras.
Um dos motivos do alto índice pode ser o fato de a grande maioria (81%) não acreditar que o dinheiro arrecadado será destinado exclusivamente para a saúde.
O desejo do paulistano é o oposto. Se a CMF for criada, 85% defendem que ela seja obrigatoriamente destinada à saúde. Só 10% acham que o governo é que deve decidir o destino da contribuição.
Uma grande parte dos paulistano, 37%, acham que essa verba não irá para a saúde, enquanto só 13% acreditam que ela irá totalmente para a área.
A proposta que o governo defende não cria a vinculação entre a contribuição e a sua utilização na área da saúde. Mas, o governo afirma que a arrecadação da contribuição terá esse destino.

Principal problema
Considerando as áreas que estão sob responsabilidade do governo federal, a saúde foi apontada como o principal problema do país, por 21% dos paulistanos.
A pergunta foi feita antes de o entrevistado dar sua opinião sobre o novo imposto.
A pesquisa mostra que a preocupação com a situação da saúde pública supera os problemas da fome, do desemprego e da educação. A fome e a miséria são os principais problemas para 14%, o desemprego, para 13%, e a educação, para 11%.
O desvio do dinheiro lidera o ranking dos problemas na área da saúde -23% dos entrevistados apontam esse como o principal problema que o setor tem hoje.
O desvio de verba supera a falta de hospitais (19%), de médicos (15%) e de recursos (13%).
A proposta de criar um novo IPMF tem maior índice de rejeição (75%) entre os entrevistados que cursaram faculdade e os que têm conta corrente no banco e usam talão de cheques (72%).
Entre a população com mais de 49 anos, a proposta é rejeitada por 69% dos entrevistados.

A pesquisa Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada, com sorteio aleatório dos entrevistados. Nesse levantamento, realizado dia 29 de julho, foram entrevistadas 640 pessoas na cidade de São Paulo. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes Cesar.

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