São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995 |
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CENSUREM A CENSURA Ex-baixista do Nirvana cria uma organização contra a censura KRIST NOVOSELIC
Primeiro, gritaram contra Elvis. Depois, foi a vez de Chuck Berry. Então vieram os Beatles e os Stones. Mais tarde, a vítima era o punk rock e o heavy metal. Agora, os burocratas, os formadores de opinião, consultores de opinião pública, lobistas e especialistas acadêmicos se alinharam como bons cidadãos para apontar seu dedo contra o mais novo demônio: o rap. A violência é o novo temor. Já houve outras guerras. Contra as drogas, por exemplo. O senador Bob Dole (líder do partido Republicano dos Estados Unidos, eleito pelo Estado de Kansas) disse que a música e o cinema eram os responsáveis por muitos dos problemas dos EUA. ``Nossa música e cinema costumam chegar aos limites da indecência, bombardeando as crianças com mensagens de violência e sexo casuais", foram suas palavras. A violência atinge a todos. As estatísticas apontam para gente como ele, em números, o que as letras e versos de música e poesia mostravam há muito tempo. Livros podem ser escritos sobre as causas dos problemas sociais. É mais fácil culpar a indústria de diversão. Censurar artistas é mais barato do que criar projetos e leis que mudariam algo. Nestes dias a falação vazia vaga à solta. Uma delas é sobre proteger crianças e jovens de violência, por meio do slogan ``prejudicial para menores". Só que o verdadeiro desafio hoje não é manter a música fora do alcance dos jovens. É de como mostrar aos jovens os valores necessários para que eles possam avaliar a música que ouvem. Todos concordam que jovens e crianças precisam de um ambiente seguro para viver. Um sistema que os proteja, em vez de explorá-los e abusar deles. Os defensores da censura sabem que adultos não precisam se preocupar com a maneira como obtêm material censurado. É só entrar na seção ``Adultos" e comprar o que bem quiser. Esta é a arma da censura: estigmatizar a obra. Uma vez que os discos tenham sido classificados como ``Adultos", eles carregam o peso de ser pornográficos. Para lutar contra isso foi criada a Jampac (Joint Artists and Music Promotions Political Action Commitee), que quer dizer Comitê de Artistas e Promotores de Música Unidos para a Ação Política. A idéia é usar a organização para combater a censura. O comitê atua com músicos, artistas, fãs e quem mais achar que a censura não está com nada. Os moralistas gritam sobre a família quando acusam a música. E os valores escondidos nas famílias. Dependência de drogas ou abuso? São palavras que machucam. Mas será que tudo é culpa do Snoop Doggy Dog? MAIS INFORMAÇÕES Sobre a organização de Krist Novoselic, escreva para P.O. Box 4135, Seattle, WA 98104-0135. Lembrete: cartas em inglês. Texto Anterior: O que é o Magreb? Próximo Texto: O rock é e sempre foi coisa de bicha, por definição Índice |
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