São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Rússia e Tchetchênia fazem acordo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Oficiais russos e separatistas tchetchenos assinaram ontem um acordo militar que pode pôr fim ao conflito na Tchetchênia.
``Podemos confirmar legalmente o fim da guerra", disse o negociador tchetcheno, Usman Iamiev.
Mas o líder rebelde tchetcheno, Djokar Dudaiev, disse, em uma entrevista para a rádio Liberty, que repudia o acordo militar. A TV Itogi, russa, afirmou que Dudaiev é contrário ao acordo assinado em Grozni.
Ainda segundo a TV, Dudaiev teria afirmado que os representantes tchetchenos ``foram coagidos por ameaças a assinar o acordo".
Ele teria dito que não mantém conversações com a delegação tchetchena há seis dias e que não conhece o conteúdo do acordo.
O tratado prevê o fim de todas as atividades militares, a troca de prisioneiros, o fim de atos terroristas e o desarmamento gradual dos rebeldes e retirada de tropas russas.
O acordo militar pode representar o primeiro progresso real na tentativa de encerrar a guerra que começou há quase oito meses e já matou milhares de pessoas.
Os russos consideram sua implementação crucial para a realização de eleições livres na Tchetchênia, previstas para novembro.
O acordo não toca na principal questão: o status constitucional da Tchetchênia. Tchetchenos não abrem mão de sua independência e os russos exigem sua permanência como parte do país. Os russos dão indícios, entretanto, de que aceitaram aumentar o grau de autonomia.
Segundo a agência de notícias russa Interfax, o acordo tem um parágrafo em que os russos não reconhecem a Tchetchênia como país independente.
A troca de prisioneiros deve começar nesta semana. O ministro do Interior da Rússia, Anatoli Kulikov, disse que 1.325 tchetchenos seriam libertados imediatamente.
O representante da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, Sandor Meszaros, também confirma o acordo.
Kulikov disse que ``agora há todas as condições para um trabalho civilizado, que crie os legítimos órgãos de poder".
Novo encontro entre representantes dos dois lados está previsto para acontecer na quinta-feira.
Duas brigadas russas ficarão na Tchetchênia -uma do Exército regular e outra do Ministério do Interior. Haverá novo acordo para estabelecer o tamanho dessas tropas e onde atuarão.
Milhares de pessoas morreram desde que a Rússia enviou tropas à Tchetchênia, em dezembro passado, para acabar com o movimento de independência do país, declarado em 1991.
Os dois lados haviam concordado com uma trégua. Mas o cessar-fogo foi quebrado inúmeras vezes. Pelo menos dois soldados russos foram mortos em confronto com grupos tchetchenos, no sábado.

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