São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Governo promete acesso à rede ainda neste mês

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rede Nacional de Pesquisas (RNP), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, promete iniciar ainda em agosto a operação comercial de um backbone brasileiro da Internet.
Backbone é a espinha dorsal, ou o tronco principal, de uma rede de acesso à Internet. A ele, empresas privadas ligarão seus computadores e venderão aos interessados, por uma taxa mensal, a conexão com a Internet.
No final do ano passado, a estatal Embratel havia anunciado para 95 o lançamento de seu serviço de acesso à rede. Em janeiro, começou uma fase de testes.
Em abril, porém, os ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia anunciaram que a RNP expandiria seu backbone, e passaria a fornecer acesso a empresas. A Embratel ficaria, segundo o governo, fora da competição no mercado de serviço a usuários finais.
Na prática, a Embratel continua com seu serviço no ar, em caráter de "projeto piloto. Os usuários estão pagando somente o uso das linhas telefônicas, enquanto o governo não define uma tabela de preços para o serviço Internet.
A Embratel está atendendo atualmente uma pequena parcela dos 45 mil interessados que se cadastraram no início do ano. A estatal não informa o número de pessoas que utilizam seu serviço Internet atualmente.
Qualquer empresa privada pode fornecer acesso à Internet. Ela tem duas possibilidades: conectar-se ao backbone da RNP a partir de deste mês, ou montar seu próprio backbone.
É o que, por exemplo, o Banco Rural pretende fazer: montar a espinha dorsal de sua própria rede com uma conexão internacional direta.
Nestes casos, a empresa interessada aluga uma linha dedicada (canal de transmissão de dados) da Embratel e contrata o serviço Internet de qualquer outra empresa, por exemplo, uma provedora norte-americana.
O backbone da RNP, que atende atualmente a comunidade acadêmica e o sistema de ciência e tecnologia brasileiro (estimado em 45 mil usuários), está sendo expandido para abrigar um tráfego misto (comercial e acadêmico). A RNP administra o acesso à Internet no Brasil desde 1990.
Faz parte do projeto de expansão da RNP uma nova conexão internacional, desta vez entre Brasília e os EUA -onde está concentrada a maior parte dos computadores da Internet. A RNP afirma que serão investidos US$ 10 milhões neste projeto em 95 -US$ 5 milhões do governo e US$ 5 milhões da iniciativa privada.
Atualmente o Brasil tem dois canais internacionais com os EUA: um em São Paulo, gerenciado pela Fapesp, que atende a todo o tráfego brasileiro, e um no Rio de Janeiro, que atende prioritariamente o tráfego daquele Estado.
Os Ministérios da Ciência e Tecnologia e das Comunicações assinaram em julho uma portaria designando um "Comitê Gestor" para gerenciamento do backbone da RNP, com nove integrantes.
``Precisava ter pelo menos um representante das redes estaduais lá. Não precisava ser de São Paulo, poderia por exemplo ser do Rio ou de qualquer outro lugar". Quem reclama é o diretor-presidente da Fapesp, Nelson Parada.
É que, paralelamente à RNP, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo também está expandindo a sua rede, chamada Academic Network of São Paulo. Deve investir de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões nos próximos meses, segundo Parada.
O dinheiro será usado para ampliar as conexões entre as cidades do interior paulista com linhas de velocidade mais alta que a atual. Também a conexão com os EUA será ampliada para 2 megabits (capacidade de transferência de 2 milhões de bits por segundo).
No primeiro momento, a Fapesp vai reforçar a estrutura da rede acadêmica. Depois, estudará se abre ou não sua rede também para a exploração comercial.
(ME)

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