São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Comércio eletrônico ainda é muito limitado

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da Internet está sendo alavancado pela expectativa de que a rede seja num futuro próximo uma plataforma de negócios importante, com a possibilidade de se realizar transações financeiras.
Hoje essas transações ainda são consideradas pouco seguras. O FBI calcula que 80% dos incidentes de segurança em computadores nos EUA ocorrem na Internet.
O problema da segurança precisa ser vencido para que a Internet comece a funcionar como shopping e banco em casa.
Outro problema é a desconfiança dos consumidores. De acordo pesquisa realizada este ano pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, somente 2,9% dos usuários da World Wide Web (rede multimídia na Internet) faz compras pela rede.
Mesmo assim, o otimismo é grande. A Microsoft anunciou que considera a Internet a maior revolução na informática desde o computador pessoal.
A transição da Internet de uma rede basicamente de pesquisa e ciência para uma plataforma de negócios está acontecendo num ritmo explosivo. Nos Estados Unidos, a rede abrigava mil empresas comerciais em 1990. Hoje o número saltou para 21.000. Em 94, o tráfego comercial na Internet chegou a 60%, de acordo com dados da Internet Society.
Segundo um relatório do grupo norte-americano Forrester Research, os negócios na Internet movimentaram US$ 300 milhões no ano passado. A projeção feita pelo Forrester para o ano 2000 é de um volume de US$ 10 bilhões. Em 97, o Forrester considera que a receita dos negócios ligados à rede será de US$ 1,85 bilhão.
A Internet pode ser utilizada de quatro formas por empresas: para comunicação interna, para comunicação com outras empresas, para publicidade e, finalmente, para vendas, que teriam a vantagem de permitir o acesso de clientes do mundo inteiro, sem a necessidade de pontos de venda.
Entre as empresas norte-americanas, a taxa mais baixa de utilização é justamente a de vendas on-line, o segmento que pode gerar mais lucros. Somente 5% delas implementaram este serviço, enquanto que 49% a utilizam para comunicação externa e 30% para comunicação interna.
Embora as vendas on-line ainda estejam engatinhando, os anúncios em certos pontos da Internet estão sendo muito valorizados nos EUA.
O "site" (computador que disponibiliza informações na Internet) da ``Playboy", por exemplo, cobra US$ 50 mil para manter um anúncio apenas por uma quinzena na versão eletrônica da revista.
O perfil dos usuários da Internet também mudou. Na última pesquisa sobre usuários do mundo inteiro, realizada pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), em maio deste ano, o usuário médio da World Wide Web tem 35 anos, renda mensal de US$ 5.700, e 45% do total de entrevistados passa mais de uma hora por dia em frente ao computador.
Há apenas um ano, na pesquisa anterior feita pelo instituto, os usuários tinham de 21 a 30 anos em média.
No começo de 94 o número de computadores ligados à World Wide Web era de 500. No fim do ano eram 12 mil.
Outra empresa de pesquisas, o Gartner Group estima, no estudo "A Internet como vantagem estratégica", que vendas diretas na Internet só serão lucrativas num primeiro momento para empresas ligadas à informática.
Por outro lado, a previsão do Gartner é que, à medida que a "geração Nintendo" (referência a jogos eletrônicos) chega à idade adulta, ela se tornará um público mais receptivo a compras e transações financeiras pela rede.
(ME)

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