São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Convênio vai atender refugiados em SP

CHRISTIAN CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sesi, o Senai e a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo assinam hoje um convênio para atendimento a refugiados que procuram ajuda no Estado.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o termo ``refugiado" se aplica à pessoa que sai do seu país de origem em razão de perseguição racial, religiosa, política ou étnica. E àqueles que julgam correr risco de vida por causa de guerras civis e outros conflitos.
Entidade internacional da Igreja Católica, a Cáritas é responsável por programas sociais e acolhimento de refugiados no país. É ligada ao Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e representada em 144 países.
Cada refugiado recebe do Acnur U$ 100 mensais. ``Três ou quatro da mesma nacionalidade se juntam para pagar o aluguel de um quartinho", diz o padre Ubaldo Steri, diretor da Cáritas em São Paulo.
O convênio já existe em relação ao Senai. Desde agosto do ano passado, 60 refugiados passaram por seus cursos profissionalizantes. Quinze estão empregados na carreira que cursaram.
Segundo Édila Araújo, encarregada da integração local da Cáritas, os cursos mais procurados pelos refugiados são de mecânica, eletricidade e trabalhos gráficos.
No convênio, o Sesi cuidará do atendimento social aos refugiados: tratamento médico e odontológico, lazer e alfabetização. Para as mulheres, haverá oficinas de atividades ocupacionais como corte e costura e tapeçaria.
Neste primeiro semestre, a Cáritas atendeu a 673 solicitações de refúgio -483 refugiados estão no Estado. Aproximadamente 15% deles têm nível universitário.
A maioria é de angolanos: 116. Em seguida vem os cubanos (33) e os refugiados da ex-Iuguslávia (28). A África é o continente com maior número de países com refugiados no Brasil. São 18, entre eles Ruanda, Somália e Egito.
Segundo Steri, o perfil dos refugiados que procuram ajuda no Brasil indica que eles são homens, urbanos, têm 35 anos e escolaridade média (2º grau). ``É claro que há casos de mulheres, algumas inclusive com crianças de colo, mas são minoria."
Steri relata que há ainda muito preconceito na sociedade brasileira em relação a refugiados. ``Estamos com um casal de egípcios com cinco anos de experiência no ramo de hotelaria e que não arranja emprego", diz. De acordo com a Acnur, existem quase 3.000 refugiados reconhecidos no Brasil -com carteira de identidade fornecida pelo Ministério da Justiça.

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