São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Munição velha causou a explosão de paiol

DA SUCURSAL DO RIO

A explosão das instalações navais da ilha do Boqueirão, na baía de Guanabara (RJ), foi causada pelo armazenamento de munição velha. A Marinha não se desfez da munição -para canhões calibre 127 mm- pois as usaria em exercícios de tiro no oceano Atlântico.
A munição estragada chegou à ilha em 11 e 13 de julho. A explosão ocorreu no dia 16. Os cerca de cem prédios da Marinha erguidos no local foram destruídos.
A carga de munição que provocou a explosão estava guardada nos navios contratorpedeiros ``Marcílio Dias" e ``Alagoas", recém-desativados pela Marinha.
A umidade acumulada nos porões dos navios afetou a qualidade da munição, acreditam os peritos da Marinha encarregados do inquérito policial-militar que investiga a explosão.
A munição foi levada dos contratorpedeiros para o paiol de triagem da ilha do Boqueirão. Ela deveria ser reembarcada em navios que farão este ano exercícios navais ao longo do litoral brasileiro.
O diretor do serviço de comunicação social do Ministério da Marinha, capitão-de-mar-e-guerra Wellington Liberatti, confirmou à Folha que a munição mais velha costuma ser gasta em exercícios.
``É normal procurar consumir a munição mais antiga. Já que vai ter que consumir alguma munição em exercícios, que se use a mais velha", disse Liberatti. Segundo ele, procedimentos idênticos são adotados por outros países.
Amostras da pólvora da munição dos contratorpedeiros foram recolhidas para a realização de exames laboratoriais logo após o desembarque na ilha.
A análise laboratorial visa a verificar a qualidade da munição. Os exames deveriam estar concluídos uma semana após a chegada da carga. O centro de munição explodiu antes do resultado.
Os peritos acham que a umidade provocou alterações nas características da pólvora acondicionada dentro da munição. A pólvora teria passado do estado sólido para o semilíquido, passando a se movimentar por dentro da bala.
O fogo inicial teria se originado a partir de um atrito causado pela movimentação interna da pólvora.

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