São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Começa em SP novo tratamento contra Aids
AURELIANO BIANCARELLI
Roberto não quis dar seu nome completo. Durante 40 minutos, um aparelho retirou 600 ml de seu sangue, separou o plasma -a parte coagulável do sangue- e devolveu ao organismo os outros componentes. Por meio do calor, um aparelho eliminará o HIV presente no plasma. Ficarão apenas os anticorpos que mais tarde serão transfundidos para um paciente que já manifestou sintomas da Aids. ``A imunoterapia não cura, mas a resistência a infecções aumenta pelo menos três vezes", diz o professor Dalton Chamone, diretor presidente da Fundação Pró-Sangue e criador do programa. Na inauguração estavam o ministro Adib Jatene e representantes de todas as áreas da Saúde do Estado e da prefeitura. O convidado principal foi o professor Abraham Karpas, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Há dez anos, Karpas vem estudando a imunoterapia passiva. Seu programa mantém hoje cerca de 50 doadores e 50 receptores. Segundo seus estudos, a terapia vem se mostrando eficiente em doentes e pré-doentes -pacientes que estão com baixa imunidade e que em breve manifestarão sintomas da doença. Karpas disse que a imunoterapia tem se mostrado mais eficiente que o AZT. ``Nos tratamentos longos, a eficiência das drogas se reduz enquanto aumentam os efeitos colaterais." Segundo ele, o Hemocentro de São Paulo pode ser um dos primeiros serviços do mundo a empregar a imunoglobulina na terapia. Em lugar de armazenar plasma congelado, estocaria globulina, anticorpo que se conserva em temperaturas normais. Chamone disse que a imunoterapia é trabalhosa, mas não cara. Entre as 20 mil doações de sangue que o Hemocentro recebe por mês, cerca de 70 estão contaminadas pelo HIV. Esse plasma com anticorpos ajudará a formar o estoque necessário para o programa. Receptores e doadores terão que saber a contagem dos seus linfócitos de defesa. Acima de 400 CD-4 (linfócitos de defesa) por milímetro cúbico, o portador pode doar. Abaixo, deve receber. ``Essa contagem regular necessita de centros com laboratórios, que montaremos até setembro", diz Paulo Roberto Teixeira, diretor do programa de Aids no Estado. Hemocentros de outras capitais também instalarão programas a partir da experiência de São Paulo. Texto Anterior: `Sequestrador é desorganizado' Próximo Texto: Professor diz que doador produz mais anticorpos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |