São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itamar e o cometa

ANTONIO CARLOS DE FARIA

A leitura ontem da seção de ``Ciência" mais uma vez veio mostrar o quanto as preocupações da vida têm importância relativa.
Entre as notícias, a descoberta de um cometa gigante, que os cientistas ainda não sabem se está em rota de colisão com a Terra. O astro foi batizado com a sigla 1995 01.
O cometa, informam as agências internacionais de notícia, está nos limites do sistema solar e tem brilho cem vezes maior do que o Halley.
Esse último já causou sensação e frustração neste século. Na última vez em que passou próximo, em 1986, os homens da ciência previram que seu rastro de luz seria um espetáculo sem igual para a humanidade.
Mostrando o quanto são falhos os cálculos científicos, o Halley passou muito longe do que estava previsto e quase não foi visto. Da mesma forma, poderia ter passado mais perto e ninguém estaria aqui pensando no próximo cometa.
Em 1910, a luminosidade do Halley foi deslumbrante e marcou a vida dos que presenciaram o fenômeno. Murilo Mendes contou que a experiência de ver o cometa nos céus de Juiz de Fora foi fundamental para que ele decidisse se tornar poeta.
Um outro homem célebre de Juiz de Fora, o atual embaixador Itamar Franco, estava nas praias do Algarve, em Portugal, neste final de semana.
Itamar, no seu descanso, talvez não tenha lido nada sobre o novo cometa. Talvez também não tenha sabido o que aconteceu com os professores portugueses, que foram obrigados a voltar do aeroporto do Rio.
Mas, dessa vez, não se pode dizer que ele criou problemas para o governo Fernando Henrique, que foi comprometido pelo comportamento burocrático da Polícia Federal.
Na praia, Itamar talvez só tivesse olhos para sua June.

Texto Anterior: Retaliação à vista
Próximo Texto: Bolhas e pêndulos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.