São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Covas discorda de privatização imediata

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de se discutir a privatização do Banespa (Banco do Estado de São Paulo) é preciso encontrar uma solução para a dívida de cerca de US$ 12,5 bilhões do governo do Estado com a instituição financeira paulista.
A opinião é do governador do Estado, Mário Covas (PSDB), que tem evitado comentar assuntos referentes ao Banespa, sob intervenção do BC (Banco Central) desde 30 de dezembro do ano passado.
Durante entrevista coletiva ontem no Palácio dos Bandeirantes (zona sul de São Paulo), o governador disse que prefere manter discrição sobre as negociações sobre o futuro do banco.
``Não falo sobre Banespa. Vocês já me perguntaram isso, me perguntam de novo, e aí eu abro os jornais e leio: Covas é contra a privatização do Banespa", disse o governador aos jornalistas.
Na última segunda-feira, o presidente do BC, Gustavo Loyola, afirmou, em Brasília, que o processo de privatização do Banespa começa ainda este ano, com previsão de término para 96.
Loyola não quis comentar em detalhes a proposta de privatização da instituição.
Segundo ele, o BC está discutindo o modelo de venda com interessados na compra.
Para Covas, não se pode pensar em privatização porque não surgirá comprador interessado em um banco que tem a receber mais de US$ 12 bilhões do governo.
``Eu não posso nem pensar em tomar iniciativa de uma venda do Banespa sem equacionar o problema da dívida. Primeiro, não há comprador. Em segundo lugar, se para comprar vai ter que resolver esse problema da dívida, porque não se resolve isso primeiro."
``O Banespa não tem problema, quem tem problema é o governo do Estado. Ninguém tem que acudir o Banespa. O Banespa, se receber o que o governo lhe deve, não tem problema algum", disse.
Na opinião do governador paulista, a legislação garante autonomia ao BC, inclusive para decidir pela privatização do Banespa.
Intervenção
Covas não poupa críticas à intervenção do BC que, na sua opinião, ``está demorada demais e inibe investimentos".
``O banco está sob intervenção, ato unilateral, que só pode ser modificado unilateralmente."
Na sua opinião, o Banespa já estaria com uma ``administração profissionalizada" caso sua diretoria estivesse subordinada ao governo do Estado.
Por ``profissionalizada", Covas entende uma administração sem interferência política e voltada ao saneamento do banco.
Covas não se pronunciou quando perguntado se a alteração do interventor do Banespa facilitaria as negociações entre o governo e o BC para encerrar a intervenção.
``Não sei dessa história. As coisas que acontecem dentro do Banespa não me são comunicadas. Não acho nada", disse.
Na última segunda-feira, o BC nomeou Antônio Carlos Feitosa para presidir a intervenção, em substituição a Altino da Cunha.
Cunha não contava com a simpatia de Covas.
``Tudo o que acontecer no Banespa independe da minha aceitação", disse.
Covas foi comunicado da substituição por seu secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano.

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