São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Governistas se rebelam e ameaçam barrar reforma

LUCIO VAZ; <UN->GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo enfrentou ontem, segundo dia de trabalho do Congresso após o recesso, um princípio de rebelião em sua base de apoio.
Insatisfeitos com os critérios da distribuição de cargos, parlamentares governistas ameaçam votar contra o governo.
Os motivos da revolta são a rejeição de indicações feitas para os cargos nas ``teles" (subsidiárias da Telebrás), a reforma administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal) e o não-cumprimento do acordo com os ruralistas.
Parlamentares do PFL, PTB, PP e PL que tiveram indicações rejeitadas para as diretorias das ``teles" avisam que o governo terá dificuldades para aprovar a reforma tributária e também projetos de lei de seu interesse neste semestre.
A bancada do PFL protesta contra a entrega da presidência de cinco ``teles" para o PSDB. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse ontem que vai levar a reclamação ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
"O presidente tem se colocado acima dos partidos, mas os ministros do PSDB estão muito partidários", disse Oliveira.
Informado ontem da reclamação do PFL, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, afirmou que o partido está nomeando em outros lugares: "O Antonio Imbassahy (ex-governador da Bahia) é o presidente da Eletrobrás".
Deputados do PFL têm procurado os gabinetes de Inocêncio e do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), para protestar contra a perda de espaço no governo.
``Fui atropelado pelo Sérgio Motta", afirmou Arolde de Oliveira (PFL-RJ). Ele queria manter Pedro Schneider na diretoria técnica da Telerj (leia texto abaixo).
O coordenador da Frente Parlamentar da Agricultura, Nelson Marquezelli (PTB-SP), foi aos gabinetes de Oliveira e Luís Eduardo cobrar o cumprimento do acordo feito por FHC com os ruralistas.
O deputado disse que o não-cumprimento do acordo ``vai ter reflexo aqui (no Congresso). Temos 140 votos" (veja pág. 1-7).
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), também prevê dificuldades para o governo: "O governo vai entrar no pau na reforma tributária. A dissidência vai ser grande. O governo precisa do Congresso todo dia, mas o Motta não é do ramo."
Costa Neto queria manter Silvio Vince na diretoria técnica da Telesp. Perdeu o cargo. "O PL não faz parte da turma do toma lá, dá cá. Não temos mais nada no governo", disse Costa Neto.
A decisão do presidente da CEF, Sérgio Cutolo, de não criar coordenadorias em Pernambuco e Minas Gerais irritou o líder do PFL. ``Não falo mais com o Cutolo. Ele perdeu a credibilidade. Fala uma coisa aqui, outra para a imprensa e outra para o Fernando Henrique", disse Inocêncio.
Cutolo esteve reunido com Inocêncio no final de junho. Após a reunião, o presidente da CEF teria dito para o deputado avisar a bancada que sairia a coordenadoria de Pernambuco.
Inocêncio mostrou um fax no qual Cutolo oferece quatro nomes como alternativas para chefiar a coordenadoria de Pernambuco. ``Queria saber se eu tinha veto a algum nome. Disse para ele escolher. Mas não há coordenadoria."

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