São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Bancos seguram verbas do BNDES

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes de máquinas e equipamentos afirmam que os bancos estão cobrando ``taxas por fora" para liberar empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a empresas do setor.
Os bancos que não aderiram ao ``por fora" estariam interrompendo os empréstimos da linha Finame do BNDES às empresas alegando prejuízos na operação.
Quase 30% das máquinas produzidas no país são fabricadas com dinheiro do Finame, que deve totalizar US$ 4 bilhões este ano.
O dinheiro do Finame é oriundo do FAT (Fundo de Assistência ao Trabalhador) e financia até 60% da produção de máquinas-ferramenta e tornos, alguns dos equipamentos mais utilizados pela indústria.
Oficialmente, os bancos fazem a intermediação dos empréstimos do Finame às empresas cobrando uma comissão de até 2%.
É tudo o que ganham na operação, embora sejam os responsáveis diretos pelo recebimento das dívidas -que devem ser pagas em cinco anos a juro de 30% ao ano.
Mário Bernardini, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), disse que o sistema financeiro passou a cobrar ``um prêmio adicional" (que é ilegal) das empresas depois que muitas começaram a atrasar o pagamento de dívidas -levando prejuízos aos bancos.
Leocádio Geraldo Rocha, diretor de Operações da Federação Brasileiras das Associações de Bancos (Febraban), disse que a remuneração do setor financeiro nas operações do Finame ``não têm coberto os custos dos bancos".
Rocha disse desconhecer a cobrança de taxas adicionais (além dos 2% oficiais) das empresas. ``Isto não está previsto", disse.
O diretor da Febraban reconheceu que muitos bancos pararam de emprestar dinheiro do Finame pelo fato de os empréstimos estarem comprometendo o limite máximo de crédito das instituições estabelecido pelo Banco Central.
``Alguns bancos preferem utilizar os limites que têm com empréstimos normais, onde ganham de 6% a 8%, do que com o Finame, onde a remuneração não passa de 2%", disse.
Procurada pela Folha, a diretoria do BNDES informou ``ter conhecimento" dos problemas com os empréstimos via Finame e prometeu tomar providências.

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