São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995
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Policiais civis se rebelam contra secretário

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Os policiais civis do Rio declararam guerra ao general Nilton Cerqueira, secretário estadual da Segurança Pública, e ao delegado Hélio Luz, chefe de Polícia Civil.
Cerqueira, Luz e o governador Marcello Alencar (PSDB) foram xingados e ameaçados durante o dia em mensagens clandestinas transmitidas pelo rádio da polícia.
Às 12h, o Sindicato dos Policiais Civis e a Coligação dos Policiais Civis -entidades da categoria- fizeram manifestação em frente à sede da Polícia Civil (Lapa, centro), reunindo 80 agentes.
A Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) emitiu nota de repúdio à administração da Secretaria da Segurança e convocou assembléia para o próximo dia 14.
A não-incorporação ao salário de julho de um reajuste de 53,6% causou indignação maior. Os policiais esperavam receber o aumento no pagamento feito nesta semana.
O presidente da Coligação, Carlos Eustáquio Pacheco, disse não saber o que pode ocorrer caso o aumento não saia neste mês. ``Os policiais estão revoltados."
Em julho, os policiais haviam ameaçado greve se o governo vetasse o reajuste. "Se houver greve, prendo todo mundo, disse Luz na época, fazendo um alerta.
Ontem, Luz tentou contornar os problemas afirmando que não há planos de fechar a Polícia Civil, com 12 mil policiais no Estado.
``Não há intenção de se extinguir a polícia. As palavras do secretário foram interpretadas fora do contexto", disse Luz a cem policiais em uma assembléia, à tarde.
Luz ouviu discursos contra sua gestão e a de Cerqueira e assistiu ao choro de uma inspetora, que se disse envergonhada com o salário de R$ 430 (4,3 salários mínimos).
Pela manhã, o vice-governador Luiz Paulo Corrêa da Rocha esteve com Cerqueira e Luz em cerimônia na PM e disse que a polícia não será extinta, mas recuperada, para readquirir o respeito popular.
Sobre a declaração de Cerqueira, Luz afirmou à Folha que "o secretário disse que, se a instituição não corresponde à finalidade para a qual foi criada, fica difícil operar com essa instituição. Não é só a polícia.

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