São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995
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Posses de Cerqueira e Luz agravaram crise

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A crise que atinge a Polícia Civil do Rio vem sendo fomentada desde o fim de maio, quando o general da reserva do Exército Nilton Cerqueira, 65, assumiu o comando da Secretaria da Segurança Pública do Estado.
As declarações de Cerqueira de que faria uma ``faxina" na área de segurança irritaram policiais civis, historicamente inconformados com os valores baixos dos salários recebidos. Um detetive em início de carreira ganha atualmente R$ 300 por mês.
Há 30 anos na Polícia Civil, o escrivão Josafá Cândido da Silva, 52, mostrava ontem o recibo do salário referente a julho. Com as gratificações, seus vencimentos somam R$ 604,95.
A revolta dos policiais se intensificou em junho, quando Cerqueira nomeou para a chefia de Polícia Civil o delegado Hélio Luz, odiado por delegados e policiais veteranos -em sua posse, Luz disse que investiria nos novatos.
O ódio a Luz se deve à sua fama de avesso à corrupção. ``Ele vive dizendo que todo policial é corrupto. Só ele que não é", disse o presidente da Coligação dos Policiais Civis, o inspetor Carlos Eustáquio Pacheco, 37.
No início de julho, os policiais civis ameaçaram fazer uma greve caso o governo estadual vetasse a concessão de um aumento de 53,6% previsto na lei de reajuste de vencimentos do policial.
A categoria chegou a ser mobilizada pela Coligação e pelo Sindicato dos Policiais Civis, entidades que a representam.
Informado sobre o movimento, Luz alertou os policiais: ``Se houver greve, prendo todo mundo. Policial não é categoria. É membro do órgão de repressão do Estado. Não pode fazer greve", disse. O Estado deu o aumento e não houve greve.
Desde o início do ano o comando da Polícia Civil já afastou do serviço 70 policiais suspeitos de envolvimento com atividades criminosas.
(ST)

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