São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995
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O caso Econômico

LUÍS NASSIF

O presidente do grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, parabeniza a coluna pelo artigo de segunda, que critica proposta de compra do Banco Econômico por um grupo de empresas instaladas na Bahia -incluindo a sua- que se valeriam de créditos que têm junto à União para fundear a operação.
Não nega que a proposta surgiu no âmbito das discussões iniciais. Emilio explica que há duas áreas com as quais sua empresa não tem a menor afinidade -onde, frequentemente, aparecem negócios para o grupo, apesar de nunca ter pensado em entrar no ramo. A primeira é a área de comunicações. Até a Rede Manchete chegou a lhe ser oferecida. A segunda, a área financeira. ``Nas reuniões que tivemos, não sabíamos nem sequer como fazer as perguntas sobre o negócio", explica ele.
O grupo foi procurado pelo senador Antônio Carlos Magalhães, no afã de conseguir uma solução baiana para a crise do Econômico. A Odebrecht já dispõe de um programa de investimentos definido em seu próprio negócio. ``Como poderia desviar dinheiro de nossos objetivos principais?", indaga ele.
No meio da conversa, teria surgido a idéia de recorrer a créditos que os diversos grupos envolvidos na operação detêm junto ao governo federal. Mas ficou-se nisso.
Emilio informa que, até agora, não dispõe de uma informação substantiva sobre o assunto, com exceção dos números que lhe foram apresentados pelo presidente do Econômico, Angelo Calmon de Sá.
Estava aguardando o retorno de Pedro Mariani -do grupo Mariani-, único dos convidados à compra do Econômico que dispõe de experiência bancária. Nesta semana, Mariani iniciou conversas com o BC. Mas nada avançou até o momento.
Tarifas
O balancete de abril da Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo) é um retrato revelador da estratégia dos governos de adiar a hora da verdade do Plano Real.
No ano passado, com a recuperação tarifária, a empresa teve lucro operacional de R$ 479 milhões e lucro total de R$ 335 milhões. Já o balanço de abril registrou prejuízo operacional de R$ 290 milhões e prejuízo total de R$ 308 milhões. No total, projeta prejuízo de R$ 1 bilhão até o final do ano, mesmo com todas as alegações de cortes de despesas e presumíveis racionalizações de investimentos por parte da atual diretoria.
Registre-se que neste ano a empresa gerou 9% a mais de energia. E o dissídio da categoria foi adiado de janeiro para maio -portanto, pressionando menos os números do semestre.
Mesmo assim, houve queda da arrecadação de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, por conta das pressões tarifárias.
Privatização - 1
Especialistas do setor questionam o modelo e a oportunidade da privatização imediata da companhia. Julgam que quebrá-la em várias companhias significaria reduzir bastante seu valor estratégico. Além disso, consideram que, a partir da entrada em operação de Porto Primavera, em 1996 ou 1997, haverá sensível melhoria nas condições -e obviamente nos preços- da companhia.
Privatização - 2
Coube ao advogado José Luiz de Bulhões Pedreira destrinçar a parte jurídica do programa de privatização. Depois de constatar que o BNDES se enredara nos aspectos legais do processo, coube ao próprio presidente da República sugerir o nome do advogado carioca.

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