São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995
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Credibilidade em alta

O vigoroso afluxo de capitais ocorrido em julho mostra que houve uma significativa recuperação na credibilidade externa do país. A onda de incerteza iniciada em março parece dissipada. Depois da fuga de US$ 4,04 bilhões registrada pelo Banco Central naquele mês -quando se temeu por uma crise cambial similar à do México-, julho registrou entradas praticamente equivalentes, de US$ 3,97 bilhões.
A esse resultado somam-se a venda de títulos do governo na Alemanha e o saldo do câmbio flutuante. No total, estima-se que as reservas do Brasil cresceram cerca de US$ 7 bilhões no mês passado.
A brutal diferença entre os juros internacionais e os aqui vigentes está entre os principais motivos desse saldo. No mês de julho, por exemplo, a cotação do dólar subiu 1,6%, e os juros pagos pelo governo em reais foram de 4%. Quem trouxe recursos do exterior em 1º de julho e voltou a remetê-los em 1º de agosto teve um rendimento de 2,4%. Anualizada, essa taxa equivale a juros de 33% em dólares.
Nos Estados Unidos, as taxas anuais dos títulos de 30 anos são de 6,75%. Sem o temor de uma desvalorização iminente, as aplicações no Brasil tornaram-se extremamente atrativas. É preciso pois reconhecer que o robusto saldo cambial de julho tem uma perna fraca. Deve-se em larga medida ao fluxo de capitais especulativos e de curto prazo. Mesmo assim, as entradas de quase US$ 4 bilhões registradas pelo BC são uma evidência da confiança que o país está reconquistando.
Afinal, juros elevadíssimos infelizmente não são novidade. Durante o primeiro ano do Plano Real as taxas foram escorchantes para quem paga e muito lucrativas para quem recebe. A diferença é que em março perdeu-se a confiança. E hoje a credibilidade está em alta.

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