São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Remédios vão para mortos

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Médicos do Hospital Municipal Tide Setúbal (zona leste) estão receitando remédios para pacientes mortos.
O fato pode ser comprovado pela análise de sete ``folhas de prescrição" obtidas pela Folha. Essas folhas ficam nas camas dos pacientes e servem para os médicos anotarem diariamente os remédios a serem dados.
No entanto, alguns médicos estão receitando diversos remédios a um paciente e tirando cópias xerox da ``folha de prescrição".
Ou seja, em alguns casos, por diversos dias o paciente tomou exatamente os mesmos remédios, não importando se seu estado de saúde tenha se alterado ou não.
Em alguns casos, o paciente morre e a folha continua prescrevendo remédios.
``Este fato configura descaso pelo doente e provável desperdício de remédios", diz o vereador Adriano Diogo (PT), da Comissão de Saúde da Câmara.
O secretário municipal da Saúde, Getúlio Hanashiro, determinou a abertura de uma sindicância para punir os responsáveis pelos xerox. ``Provavelmente, trata-se de desvio de remédios ou de falta de ética médica."
O diretor-clínico do hospital, João Tenório Lins Filho, disse ``estranhar o fato", uma vez que o uso de xerox no hospital é restrito.
O primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Célio Levyman, considera o uso de xerox um ``absurdo".
Segundo ele, o CRM deve instalar uma comissão de sindicância para punir os responsáveis.

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