São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Hipertensão é a maior causa da morte de gestantes

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A taxa de mortalidade materna -número de mulheres que morrem durante a gestação e nos 40 dias após o parto- no município de São Paulo em 1994 foi de 50 mortes para cada 100 mil crianças nascidas vivas.
O índice, ainda com resultado preliminar, foi levantado pelo Comitê Central de Mortalidade Materna da Secretaria Municipal da Saúde.
Os números revelam que o município de São Paulo tem uma taxa de mortalidade materna inferior à média do Brasil (150 mortes por 100 mil nascidos vivos, segundo a OMS -Organização Mundial da Saúde), mas ainda está muito atrás dos países desenvolvidos.
No Japão (onde existe a menor taxa de mortalidade materna do mundo), o índice é de 3 mortes por 100 mil nascidos vivos. Nos Estados Unidos, esse valor é 12.
Em contraste com o índice de São Paulo, a taxa de mortalidade na região Norte do país é de 298 mortes por 100 mil nascidos vivos.
As principais causas de mortalidade materna no município foram doença hipertensiva da gravidez, complicações decorrentes de aborto, hemorragias, infecções e problemas cardíacos prévios.
A doença hipertensiva da gravidez -aumento progressivo da pressão arterial durante a gestação- foi a doença que mais matou gestantes em São Paulo.
Os primeiros sinais são um inchaço (principalmente de mãos e face) e um aumento súbito de peso. Sem tratamento, a mulher pode evoluir para um quadro de convulsões, distúrbios de coagulação do sangue e insuficiência renal.
Paulo Afonso F. Marcus, presidente do Comitê Central de Mortalidade Materna, explica que um pré-natal bem feito poderia ter evitado cerca de 95% dessas mortes.
O pré-natal é o acompanhamento da gestante por um obstetra desde o momento da confirmação da gravidez até o parto.
O médico deve controlar a gestação de perto para poder detectar precocemente as alterações que colocam a mãe ou o feto em risco.
Segundo Marcus, uma em cada cinco gestações no Brasil são de alto risco.
Nos países desenvolvidos, esse número cai para uma em cada dez gestações.
O planejamento familiar é outra medida que poderia ter evitado muitas das mortes que aconteceram no último ano.
Esse tipo de programa fornece os meios para que as mulheres evitem as gestações indesejadas. Com isso, elas não se expõem aos riscos de um aborto provocado.
Segundo Sônia Antonini Barbosa, assessora do Programa de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Municipal da Saúde, quase 20% das mortes maternas em 94 em São Paulo aconteceram em decorrência de problemas cardíacos e vasculares.

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