São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Traídas dividem maridos com prostitutas

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual é a reação mais comum de uma mulher que flagra o marido transando com uma prostituta? Existe retorno possível à situação de casal 20 -do tipo que faz sucesso nos círculos que frequenta, come pipoca vendo vídeo e troca presentes no Dia dos Namorados?
Sim e não. As respostas variam de mulher para mulher.
``Quem fez uma vez, faz muitas", acredita a professora E.G., 38. Ela descobriu que o marido a traía com prostitutas seguindo-o pela rua (leia texto ao lado).
Quando não tinha mais dúvidas a respeito das preferências dele, contratou os serviços de uma agência de detetives e deu um flagrante no marido em um motel.
``Fiz por uma questão de orgulho. Queria mostrar a ele que sabia de tudo", disse E.G., que se separou do marido no momento seguinte.
Reação bem diferente teve a monumental Elizabeth Hurley, atriz e mulher do astro inglês Hugh Grant -o qual há algumas semanas pagou para que uma moça lhe fizesse sexo oral em uma rua escura de Bervely Hills (EUA). Aparentemente, Elizabeth preferiu a atitude conciliatória. O casal foi visto junto em público pelo menos uma vez depois do escândalo -na avant première do último filme dele (``Nine Months"). Significa que, se ela não o perdoou, está quase.
O número de mulheres que age como Elizabeth Hurley é maior do que se pode imaginar.
``Em 90% dos casos elas vol tam a viver com seus maridos depois de uma conversa amigável", diz a detetive Judith da Silva. Com 20 anos de experiência nesse mercado e uma maioria de clientes mulheres, Judith não precisa de mais do que seis dias para fazer um relatório sobre o marido de sua cliente. Ela o segue a partir da residência do casal, tira fotos dele em situações comprometedoras e, dependendo do motel que o sujeito frequenta, tem como conseguir gravar até os ruídos que ele faz no quarto com a amante. ``Há casos em que entramos no quarto só para dar o flagrante", diz.
Cada caso é um caso, mas o da empresária M.S., 42, é uma história à parte. Casada há mais de 20 anos com um executivo, M. descobriu a partir de uma mancha de batom no carro do marido que ele estava envolvido com uma prostituta de luxo. Depois de uma ``conversa amigável", ela propôs ao marido que trouxesse a moça para o convívio deles. ``Percebi que não era só sexo. Ele estava apaixonado por ela", concluiu M. Ela quis que o marido acolhesse a amante em casa porque não tinha a menor intenção de acabar o casamento, mas também porque queria seguir os passos dela de perto.
``Achei que assim seria mais fácil controlar a situação", disse M., que nunca assistiu ao filme Ovos de Ouro, do diretor Bigas Luna, mas deveria. Nele, a mulher do protagonista admite o mesmo tipo de triângulo com uma prostituta.
Controlar a amante do marido é um requinte ao alcance de poucas mulheres traídas. A engenheira P.J., 35, por exemplo, teria que abrir uma agência de garotas de programa. Depois de investigar por conta própria as escapulidas do companheiro, ela descobriu que ele promovia grandes bacanais no sítio do casal em Campinas (interior de SP). ``Nosso casamento sobrevive de aparências", lamenta.
C. fala por experiência própria. Um de seus clientes mais assíduos diz que é apaixonado por ela, mas jamais largou a mulher oficial.
``No começo, a mulher dele me perseguia na rua, passava trotes para a minha casa, fazia uma porção de ameaças", lembra. ``Nem precisava daquilo tudo. Ele continua casado com ela até hoje."

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