São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Redes de lojas precisam se adaptar à estabilidade

GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojas que trabalham com estoques elevados, carregam nas margens de lucro e comercializam produtos com valor unitário alto estão fadadas a seguir o mesmo caminho trilhado pela Mesbla, Casa Centro e Lojas Pernambucanas.
Para especialistas do setor, só vai sobreviver à nova realidade econômica quem conseguir equacionar esses três pontos básicos.
``Com a estabilidade, houve uma brutal redução das margens de lucro. Como o mercado não permite aumento de preços, os lojistas têm de diminuir os estoques", diz Gustavo Ayala, da ABL Consultoria.
A queda nos negócios pegou os comerciantes no contrapé. Eles haviam adquirido um volume expressivo de mercadorias no primeiro trimestre, animados com o aquecimento das vendas.
``Os lojistas buscaram recursos junto aos bancos para comprar, em função da demanda que havia naquele momento", afirma Mário Alberto Dias Lopes Coelho, diretor da consultoria Austin Asis.
Como essa expectativa não se confirmou e os juros subiram, a insolvência explodiu, diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
``Quem tira dinheiro do bolso ou do banco para financiar estoque está perdido", afirma Ayala.
Para Solimeo, a concordata da Mesbla já era previsível e não deve alterar o relacionamento dos fornecedores com os clientes.
Cláudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Varejo da Universidade de São Paulo), também não vê razão para mudanças.
``As alterações já ocorreram antes, com a reestruturação nos planos das empresas e a renegociação dos prazos de pagamento".
Já para o presidente do sindicato dos lojistas, Murad Salomão Saad, a concordata da Mesbla deve dificultar ainda mais o relacionamento dos fornecedores com os clientes.

Resultado positivo
Apesar dos problemas, algumas redes de lojas exibem resultados positivos desde a entrada do real.
A Casas Bahia, por exemplo, contabilizou um aumento de 15% nas vendas no mês passado, em relação ao mesmo período de 94.
Segundo Michel Klein, diretor da rede, a expectativa é fechar o ano com faturamento de US$ 1,3 bilhão, 30% a mais do que em 94.
A rentabilidade da Lojas Cem, que até 93 não superava 2,5%, saltou para 9%, no primeiro ano do Plano Real. ``Neste período, tivemos um crescimento nas vendas de 38%", afirma Natale Dalla Vecchia, diretor da empresa.

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