São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capital externo, o primeiro passo

ÉLBIO FERNANDEZ MERA

O Brasil tem potencial para captação externa muito grande, tanto para o setor residencial quanto para o comercial
A MP (medida provisória) 1.053, que inicia o processo de desindexação da economia e representa o segundo movimento do Plano Real, trouxe uma boa notícia para a indústria imobiliária nacional.
Através da medida, e de resoluções específicas do Banco Central, estão autorizados empréstimos externos para o setor, o que, até então, era praticamente impossível.
O anúncio foi extremamente bem recebido pelos representantes do mercado de imóveis do país.
Afinal, isso significa alavancar formidável volume de recursos que, lamentavelmente, não estão em disponibilidade no Brasil.
Tal volume irá complementar, de maneira essencial, as fontes existentes, como o SFH (Sistema Financeiro da Habitação), e mesmo modalidades em fase de implantação, no caso as companhias hipotecárias, a caderneta de poupança vinculada etc.
A possibilidade é tão interessante que agentes financeiros já anunciam linhas de crédito com capital externo, o que pode representar a utilização de recursos mais em conta, uma vez que as taxas de juros de outros países se apresentam, hoje, menores do que as praticadas no Brasil.
O importante da medida é que ela significa avanço considerável, no tocante à efetiva abertura do mercado interno.
Oficializa, de certa forma, a disposição nacional à transnacionalização, a exemplo do que ocorre em diversos países da América Latina.
A Argentina, por exemplo, captou US$ 6 bilhões em recursos externos para o setor imobiliário, nos últimos quatro anos.
Recursos que, inclusive, financiaram a aquisição de imóveis usados.
No mesmo período, foram captados no Chile US$ 3 bilhões. No México, apenas no setor hoteleiro, US$ 9 bilhões.
O Brasil tem potencial para a captação externa muito grande, tanto para o setor residencial, hoteleiro, shopping centers, quanto para empreendimentos industriais.
E o interesse estrangeiro pelo Brasil é tremendo.
Há diversas companhias hipotecárias, fundos de pensão, bancos e incorporadores de outros países dispostos a injetar recursos e a desenvolver projetos em nosso país.
Naturalmente, cabem aperfeiçoamentos à medida governamental.
Em recente audiência com o secretário de Política Econômica do governo, José Roberto Mendonça de Barros, foi debatida a possibilidade de ampliar essa abertura, de forma a permitir o ingresso de capital externo de maneira direta, inclusive na produção de empreendimentos.
Houve, por parte do secretário, máxima receptividade, a ponto de ele autorizar o desenvolvimento de um estudo e apresentação de sugestões concretas.
O importante é termos em mente que iniciamos, com esse primeiro passo, uma longa caminhada.
E esta nos levará, certamente, ao incremento das atividades imobiliárias, com reflexos positivos no desenvolvimento do país.

Texto Anterior: Vendas de imóveis têm pior desempenho
Próximo Texto: Poupador ainda duvida de nova aplicação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.