São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Indústria e comércio duelam sobre imposto exclusivo na hora da venda

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai insistir com o governo federal esta semana para que seja criado um imposto sobre vendas no varejo. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo é totalmente contra.
A insistência dos industriais deve marcar o início de um duelo aberto entre a indústria e comércio sobre a reforma tributária.
``Essa proposta é um absurdo. O consumidor vai pagar mais caro pelo que comprar. O imposto na ponta de venda não vai fazer com que a indústria reduza seu preço", afirma o presidente da Federação do Comércio, Abram Szajman.
``Ele (Szajman) é contra porque tem medo da fiscalização. De cada dez compras no comércio, nove não têm nota fiscal", diz o industrial Adauto Pousa Ponte, do Conselho de Ação Política da Fiesp.
O Imposto sobre Vendas no Varejo, conhecido como IVV, é proposta antiga da indústria. A Fiesp avalia que os impostos deveriam ser reduzidos durante a produção.
Somente na hora da venda para o consumidor final, argumentam os industriais, seria necessário taxar o produto com algum imposto.
Em abril, a Fiesp e outras 80 organizações empresariais da indústria e de sindicatos de trabalhadores divulgaram um documento no qual propunham o IVV.
Na semana passada, empresários de vários setores reuniram-se para discutir as taxas de juros e reforma tributária. O encontro acabou tratando apenas de juros e a Fiesp e a Federação do Comércio deixaram as críticas mútuas apenas para os bastidores.
Foi pouco antes da reunião da semana passada que Abram Szajman, a pedido da Folha, fez suas considerações sobre a proposta da Fiesp para reforma tributária.
``Sei que eles até deixaram isso de lado. Nem falam mais a respeito porque tem gente lá que não aceita a questão das heranças. É um erro, pois seria bitributação: a pessoa paga imposto durante a vida e pagaria depois para deixar para os herdeiros", diz Szjaman.
O presidente da Federação do Comércio se refere a outro ponto defendido no documento da Fiesp: a incidência de impostos na transferência de heranças.
``No nosso conceito, quem é o contribuinte é o cidadão e não a família. Não podemos eternizar a diferença de classes", afirma Adauto Pousa Ponte.
Segundo o empresário da Fiesp, o presidente da entidade, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, ``é um dos mais entusiastas" do documento redigido pelos industriais.
``Nossa idéia é levar isso (o documento) para Brasília (para o presidente da República) ao longo deste mês", diz Ponte.

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