São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Dólar barato leva brasileiro a importar mais roupas

DANIELA FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O dólar mais barato e os preços praticados pelas lojas estão levando muitos consumidores a comprar suas roupas na Europa ou a fazer encomendas às pessoas que estejam de viagem marcada. Os preços brasileiros se equiparam e são até mesmo superiores aos praticados em países como França e Itália, com a diferença que no Brasil os salários não acompanham o padrão europeu.
Privilégio até pouco tempo de pessoas com maior poder aquisitivo, os artigos de vestuário europeus ou americanos sempre atraíram o consumidor brasileiro. As lojas também sabem aproveitar essa atração, enfatizando que determinada roupa é confeccionada com tecido importado.
``A roupa importada deixou de ser uma coisa elitista. As pessoas estão viajando mais e usando cada vez menos o mercado interno. Hoje é mais barato comprar roupa na Europa", afirma T.A., 30. Ela viaja várias vezes durante o ano à Europa e Estados Unidos para trazer vestidos franceses, que custam R$400 ou tailleurs em lã ou crepe de seda por R$ 450, preços inferiores aos de várias butiques paulistas, onde um blazer custa ao menos R$ 300 na liquidação.
T.A. vende roupas importadas há quatro anos e diz que sua clientela aumentou após a desvalorização do dolar. Ela afirma ainda que cresceu o número de pessoas que, como ela, trazem roupas e acessórios da Europa para o Brasil.
A estilista e produtora de moda francesa Brigitte Slama compara a média do mercado brasileiro da moda ao mundo da alta-costura internacional, que engloba um público seleto e, portanto, reduzido.
``O prêt-à-porter no Brasil é uma coisa de luxo, consumida por 5% das pessoas. A moeda forte e o custo de vida elevado tornam a moda elitista", afirma Brigitte.
Claudia M., 45, compra roupas de T.A. e diz que as roupas francesas e italianas têm um caimento e qualidade impecáveis além de preços mais vantajosos do que os praticados no Brasil.
Algumas roupas, no entanto, podem custar mais barato no Brasil que no exterior. É o caso da calça jeans da marca Replay, que custa R$ 100 na Itália, onde é fabricada, e pode ser encontrada por R$ 80 em lojas em São Paulo.
Roberto Chadad, 53, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) diz que os preços refletem a carga tributária que incide sobre o setor. Ele compara o Brasil, -onde as empresas arcam com 31 encargos sociais-, e a China -que vem invadindo o mercado brasileiro com roupas básicas a preços baixos- onde há só 14 impostos.
As importações de artigos de vestuário atingiram R$ 84,3 milhões de janeiro a abril de 95. No mesmo período de 94 o montante foi de 18,2 milhões, segundo a Abravest.

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