São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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A feira e a festa

BARBARA GANCIA

A fim de evitar inconvenientes revoadas de gaviões e/ou uma invasão de porcos, na noite de sábado, a choperia Pinguim fechou as suas portas.
Deus que é pai, porém, fez que uma sucursal do Pinguim fosse instalada em outro canto de Ribeirão Preto.
A choperia foi parar lá na Feapam, a feira agropecuária da Alta Mogiana.
Alta, porque só dá gente da alta e mogiana porque, imagino, se trata de uma feira em que a mercadoria muge.
Enquanto o Beijoqueiro distribuía bitocas naquela célebre esquina do Pinguim onde o doutor Sócrates já despendeu tantas horas produtivas, zebuzinhos e zebuzinhas (versão mogiana de mauricinhos e patricinhas) desfilavam seus chifres pelo imenso salão do Pinguim, montado dentro da Feapam.
Nunca na história da humanidade, nem mesmo diante do numeroso exército chinês, ninguém deitou olhos sobre tanta gente uniformizada junta.
Torcedores e bovinos, eu vi!
Lá no bar Pinguim instalado na Feapam, zebuzinhos e zebuzinhas exibiam idênticos bonés e jaquetas com o logo do Hard Rock Café de Cancun, irmãs gêmeas camisas xadrez e botinas de camurça.
O cartaz ``É proibido cavalgar", exposto em um dos corredores da feira, não foi capaz de conter os zebuzinhos.
Ao som de uma eclética banda de Blumenau -que perpetrava desde reggae até o hino do Timão, passando de leve por valsas de Strauss- a zebuzada imitava os coices de perna em pêndulo de Foucault das danças dos caubóis canadenses de Calgary.
Coisa mais graciosa!
Nem mesmo as quilométricas filas que se formavam diante dos toaletes da Feapam foram capazes de superar a grandeza e a maravilha do espetáculo equestre.
Aliás, a Feapam deveria mudar de nome. Deveria passar a se chamar Fe-chope-am.
Juro, ó leitor de índole campestre, juro que procurei, mas vaca, boi, cabra e galinha que é bom, não vi nem a fuça.
Em compensação, o que não faltou foi bar e chope.
Acredite se quiser, ó leitor chegado em uma alfafa, eram mais de 90 os bares instalados dentro da feira da alta.
Agora, imagine: só no sábado, cerca de 60 mil pessoas passaram pelas catracas da feira etílico-agropecuária de Ribeirão Preto.
Deu para sentir o drama das filas nos toaletes, ó leitor amante da vida buco-alcoólica?

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