São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Liberação de atletas opõe técnico Zagallo a torcedores japoneses

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A KASHIMA (JAPÃO)

O técnico da seleção brasileira, Mario Zagallo, reagiu ontem ao protesto de torcedores japoneses.
Pelo segundo dia, torcedores do clube Kashima Antlers exibiram faixas pedindo ``fora Zagallo", durante treino da seleção em Kashima, a 100 km de Tóquio.
Os manifestantes se opõem à liberação de dois jogadores do time, Jorginho e Leonardo, para o amistoso do Brasil, sábado, contra a Coréia do Sul, em Seul.
Nesse dia, o Kashima estréia no segundo turno do Campeonato Japonês. Na quarta, a seleção joga contra o Japão, em Tóquio.
Anteontem, cerca de 30 torcedores do Kashima exibiram três faixas, em português: ``Não podemos levar jogadores para a Coréia"; ``Bem-vindos os jogadores à terra que consagrou Zico (fora Zagallo)"; e ``Zagallo dividiu dois times (Kashima e seleção)".
A torcida responsabiliza a convocação de Jorginho e Leonardo para a Copa América, em julho, no Uruguai, pela derrota do Kashima no primeiro turno.
Os clubes pediram a dispensa, para o jogo contra a Coréia, de sete ``japoneses".
Os dirigentes tentam esvaziar a partida contra os coreanos porque os dois países disputam a indicação para abrigar a Copa do Mundo de 2002, a primeira na Ásia.
A Fifa (entidade dirigente do futebol mundial) deve anunciar em dezembro o local da Copa.
``A seleção não merecia essa recepção. Há interesse político. Foram deselegantes."
Os protestos não foram o único problema da delegação.
Dirigentes do Kashima interpelaram o chefe da delegação, Samir Abdul Hak, por supostas declarações de Zagallo criticando a qualidade do futebol japonês.
``Houve má-fé dos jornalistas japoneses ou problema com o intérprete", disse o treinador.
Zagallo provocou uma cena constrangedora. Chamou repórteres japoneses que cobriam o treino, ``para esclarecer as coisas".
Além do intérprete destacado para acompanhá-lo, Zagallo chamou outra intérprete. A cada frase que o primeiro traduzia, o treinador perguntava à segunda intérprete: ``Ele está falando certo?"

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